Indústria 4.0

Pesquisa inédita da CNI mostra cenário da indústria 4.0 no Brasil

Estudo revela que uso das tecnologias digitais ainda está concentrado nos processos industriais. Nessa fase, utilização é duas vezes maior que na fabricação de produtos.

Agência CNI de Notícias/Redação
30/05/2016 14:37
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A Confederação Nacional da Indústria (CNI) concluiu a primeira pesquisa nacional sobre a adoção de tecnologias digitais relacionadas à era da manufatura avançada, a chamada indústria 4.0. O termo se refere à integração digital das diferentes etapas da cadeia de valor dos produtos industriais, desde o desenvolvimento até o uso. Além disso, envolve a criação de novos modelos de negócio, produtos e serviços a eles atrelados. A pesquisa – realizada com 2.225 empresas de todos os portes entre 4 e 13 de janeiro de 2016 – identificou a adoção de dez tipos de tecnologias digitais pelas empresas e seu uso em diferentes estágios da cadeia industrial.

A maior parte dos esforços feitos pela indústria no Brasil está na fase dos processos industriais. Setenta e três por cento das que afirmaram usar, ao menos, uma tecnologia digital o fazem na etapa de processos. Outras 47% utilizam na etapa de desenvolvimento da cadeia produtiva e apenas 33% em novos produtos e novos negócios.

A pesquisa afirma que a indústria brasileira segue caminho natural: no primeiro momento, otimiza processos para, então, mover-se para aplicações mais voltadas a desenvolvimento, a produtos e novos modelos de negócios. “Considerando que a indústria brasileira precisa competir globalmente e que se encontra atrás nessa corrida, é preciso saltar etapas. O esforço de digitalização precisa ser realizado, simultaneamente, em todas as dimensões”, afirma o gerente de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca.

A digitalização é o primeiro passo para a indústria entrar nesse novo patamar tecnológico.Em outros países onde a indústria 4.0 está mais avançada, ela já propiciou o aumento da produtividade e a redução de custos de manutenção de equipamentos e do consumo de energia, e o aumento da eficiência do trabalho.

DESCONHECIMENTO – A pesquisa mostra que a indústria brasileira ainda está se familiarizando com a digitalização e com os impactos que ela pode ter sobre a competitividade. Entre as empresas consultadas, 42% não identificaram quais tecnologias digitais, em uma lista com 10 opções, têm o maior potencial para impulsionar a competitividade da indústria.

O desconhecimento é significativamente maior entre as pequenas empresas (57%). Entre as grandes, o percentual de empresas que não identificaram alguma das 10 tecnologias digitais apresentadas como importante para a competitividade cai para 32%.

DESAFIOS – Na visão de Renato da Fonseca, a pesquisa mostra o desafio que está colocado para o Brasil neste momento. “É preciso aproximar especialistas e indústria para ampliar o conhecimento sobre os ganhos que o país pode ter com a mudança de patamar da indústria”, avalia. É necessário identificar as aplicações industriais nacionais que podem se beneficiar mais com o avanço tecnológico.

O governo, por sua vez, pode contribuir para o aumento da digitalização no Brasil se promover a infraestrutura digital, investindo e estimulando a capacitação profissional e também a criação de linhas de financiamentos específicas. O documento também considera que a criação de plataformas de demonstração poderia ser uma iniciativa eficaz para estimular a disseminação do conceito de digitalização e o estabelecimento de parcerias entre clientes e fornecedores das novas tecnologias.

Veja os principais resultados do estudo:

Setor de equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos é o mais avançado na adoção de tecnologias digitais

O setor, que inclui empresas de eletrônicos, comunicações, equipamentos médicos, tem o maior percentual de empresas que utilizam pelo menos uma das 10 tecnologias digitais avaliadas: 61% das empresas. Esse setor aparece em primeiro lugar no ranking do uso em todos os estágios da cadeia: 43% das empresas utilizam tecnologias focadas em processo; 41% utilizam tecnologias ligadas à etapa de desenvolvimento e 22% utilizam tecnologias com foco no produto ou em novos modelos de negócios.

O setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos aparece praticamente empatado com equipamentos de informática, eletrônicos e ópticos em termos do percentual de empresas que utilizam pelo menos uma das tecnologias digitais de um modo geral (60%). Em relação ao uso das tecnologias digitais segundo os estágios da cadeia, esse setor também aparece nas primeiras posições nos rankings do uso de tecnologias ligadas ao desenvolvimento e ao produto. Já em relação ao uso de tecnologias focadas em processo, ocupa a quarta posição (36% de assinalações).

48% das empresas consultadas utilizam tecnologias digitais

Pouco menos da metade das empresas industriais utiliza, pelo menos, uma das 10 tecnologias digitais listadas na pesquisa, como automação digital sem sensores; prototipagem rápida ou impressão 3D; utilização de serviços em nuvem associados ao produto ou incorporação de serviços digitais nos produtos.

Reduzir custos e aumentar produtividade são benefícios mais buscados

Quando perguntados sobre os benefícios que as empresas esperam conseguir com a adoção de tecnologias digitais, a maior parte dos empresários consultados na pesquisa responde a redução dos custos (54%) e aumento da produtividade (50%). Melhorar a qualidade dos produtos ou serviços foi o item assinalado por 38% das empresas. Em quarto lugar, aparece otimizar os processos de automação (35%).

Para as empresas de grande porte, especificamente, melhorar a qualidade dos produtos ou serviços aparece em quarto lugar, com 39% de assinalações. Os três benefícios mais assinalados pelas grandes empresas focam processo: reduzir custos operacionais, com 63%; aumentar a produtividade, com 58%, e otimizar os processos de automação, com 46%.

Alto custo de implantação é principal barreira interna

Para 66% das empresas, o custo de implantação é a principal barreira interna à adoção de tecnologias digitais. Praticamente empatadas em segundo lu¬gar têm-se a falta de clareza na definição do re¬torno sobre o investimento e a estrutura e cultura da empresa, com, respectivamente, 26% e 24% de assinalações.

 

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