Gazeta Mercantil
Rafael Ramírez, presidente da Petróleos de Venezuela SA (PDVSA), sobe ao palco em um estádio cheio de milhares de beneficiários das escolas e clínicas mantidas por essa estatal, conhecidas como missões. “As missões sociais, as missões revolucionárias, vão defender a revolução!”, grita Ramírez, 45, antes de apresentar o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, em campanha para um referendo a ser realizado em 15 de fevereiro sobre o fim aos limites de mandatos presidenciais, de forma que ele possa ocupar o cargo até, pelo menos, 2019.
Ramírez, que também é o ministro de Petróleo do país, proveu o seu governo com US$ 34 bilhões em royalties e impostos nos primeiros nove meses de 2008, mais da metade do orçamento nacional. Esses fundos permitiram que Chávez fornecesse educação, saúde e alimentação a custo baixo para o que ele chama de “revolução bolivariana”.
Enquanto Chávez exaure o caixa da PDVSA, a Venezuela, o maior exportador de petróleo do Hemisfério Ocidental, não está cumprindo as metas de investimentos e produção, disse Jorge Piñón, pesquisador-visitante em combustíveis do Centro de Políticas do Hemisfério da Universidade de Miami.
Com a queda de 73% nos preços do petróleo em relação ao auge de US$ 147,27 o barril, registrado em 11 de julho de 2008, Ramírez terá que cortar ainda mais os gastos nos campos de petróleo para manter os pagamentos ao seu chefe, disse Piñón. “Ele está disposto a comprometer o papel da PDVSA no interesse da missão política do Estado”, disse Piñón.
Ramírez recusou dois pedidos por escrito de uma entrevista. Chávez não estava imediatamente disponível para fazer comentários, disse uma pessoa do escritório de imprensa da presidência, que se recusou a dar o seu nome, por não ser uma porta-voz autorizada.
O orçamento da Venezuela para 2009 se baseia no preço do petróleo a US$ 60 o barril. O produto caiu ontem US$ 1,60, para US$ 40,08 em Nova York.
A PDVSA quer aumentar a produção, que ficou atrás das metas de crescimento. A empresa disse ter extraído 3,27 milhões de barris por dia no ano passado, antes de a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) ter decidido reduzir a produção, em outubro. Em 2003, a PDVSA previu que estaria produzindo 4,4 milhões de barris por dia em 2008.
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