Missão fluminense propôs à empresa de navegação da estatal venezuelana PDVSA que sincronize calendário de licitação para construção de petroleiros com o da subsidiária da Petrobras. No Rio, a ministra Dilma Rousseff divulga detalhes da criação da Petrosul.
A PDVMarina, empresa de navegação da estatal venezuelana PDVSA, estuda a possibilidade de sincronizar o cronograma de sua concorrência para construção de 42 navios petroleiros com o calendário da licitação da Transpetro, da Petrobras. A proposta foi apresentada em 26 de abril à direção da PDVSA pela missão composta por representantes do Governo do Estado do Rio de Janeiro e de entidades do setor, como Sinaval, Syndarma e Abeam.
As concorrências da Transpetro e da PDVMarina guardam muitas semelhanças, a começar pelo número exato de embarcações. A estatal venezuelana pretende encomendar praticamente os mesmos tipos de navios incluídos no processo da empresa de transporte da Petrobras, que abrange navios do tipo panamax, produtos e GLP. A comissão de licitação da Transpetro, que atualmente conduz a fase de pré-qualificação dos concorrentes, espera anunciar os nomes dos construtores dos 22 primeiros navios até o final do ano.
O subsecretário estadual de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Alceu Souza, explica que o objetivo da proposta apresentada na Venezuela é garantir maior competitividade aos estaleiros fluminenses. "Na medida em que os estaleiros passam a contar com uma demanda desse porte, ganham escala e, conseqüentemente, oferecem preços e condições mais competitivos", avaliou Souza.
Na visita ocorrida em Caracas, o contato entre as entidades brasileiras do setor naval e a direção da PDVMarina ocorreu no grupo temático que tratou de construção naval. Também foram discutidos projetos nos setores offshore (para a construção de plataformas), navegação (que tratou de acordos marítimos) e refino. "De todos os 14 convênios assinados recentemente entre os governos do Brasil e da Venezuela, esse é o que tem mais chances de se concretizar primeiro", afirmou o subsecretário fluminense.
O Brasil disputa a concorrência venezuelana com a China, a Argentina e a Espanha. No caso argentino, as negociações estão sendo feitas com o estaleiro Río Santiago, para dois navios, e espanhol Izar já iniciou conversações para o projeto de outra embarcação. "Devido ao volume de encomendas, os estaleiros chineses não têm condições de entregar projetos novos de antes de 2009. A Argentina sofre com problemas de capacidade. Talvez os maiores competidores sejam os estaleiros espanhóis, que, além de serem capazes, são de um país com laços históricos com a Venezuela", disse Alceu Souza.
INTEGRAÇÃO REGIONAL - A proposta vai ao encontro da proposta de criação da Petrosul, assinada nesta terça-feira em Brasília (10/05) entre os ministros da área de energia da Argentina, Venezuela e Brasil. O projeto consiste na criação de um fórum político de ministros da área de energia dos três países que funcionará como uma junta de ministros com o objetivo de coordenar políticas na área de energia, abrangendo combustíveis, eletricidade, eficiência energética e cooperação tecnológica. O Petrosul se reunirá duas vezes por ano, podendo se encontrar uma vez por mês em caráter extraordinário.
"Poderá haver a demanda por equipamentos e serviços para plataformas e navios e quem atende prioritariamente são os países da América Latina", exemplificou a ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, durante o XVII Fórum Nacional, ocorrido na sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio. "Isso pode ensejar inclusive que o gás descoberto eventualmente na Venezuela seja comercializado uma parte aqui, porque pode incentivar a liqüefação do gás natural no Brasil. Pode também usar a infra-estrutura do Brasil para atingir a Argentina. Se começa então a olhar a matriz energética com um olho de integração e não com um olho exclusivo do país".
A ministra informou que o grupo deverá iniciar o processo de criação da Petrosul entre junho e julho entre os presidentes dos três países. "São ações comuns mas não implica em interferências internas nos países", ressaltou.
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