Gazeta de Ribeirão
Apesar dos avanços obtidos no segmento de biodiesel nos últimos cinco anos, o Brasil ainda precisa superar obstáculos e trabalhar novas alternativas de matéria-prima para produção do combustível renovável. A preocupação com o futuro da produção de biodiesel é tema de um evento, que começou ontem e termina hoje em Ribeirão Preto, com a participação de 12 especialistas em agroenergia do País.
De acordo com o coordenador do evento, José Roberto Scarpellini, engenheiro agrônomo e pesquisador científico da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (Apta), entre as principais barreiras que a produção de biodiesel enfrenta hoje está definição de alternativas para a expansão nos volumes produzidos. “Para ampliar ainda mais a produção, precisamos trabalhar em matérias-primas e fomentar pesquisas nessa área. Não podemos ter uma produção de biodiesel centralizada em uma matéria-prima, como acontece hoje com a soja.”
Atualmente, segundo o pesquisador, cerca de 85% do biodiesel produzido no Brasil vem da soja. “Existe uma demanda muito grande pelo combustível, mas falta a ampliação da matéria-prima. Temos várias opções como o amendoim, milho e sorgo, mas ainda existem questões como a remuneração ao produtor, que, na maioria das vezes, é melhor se a produção for destinada à indústria de alimentos”, disse Scarpellini.
Para o professor da Universidade de São Paulo em Ribeirão (USP) Miguel Dabdoub, que participou ontem do evento, uma das grandes alternativas para a ampliação na produção de biodiesel, é a cana-de-açúcar. “Existem muitas matérias-primas para serem exploradas, mas o biodiesel resultante da reação química entre o álcool de cana e óleos vegetais também é uma alternativa interessante para o futuro.”
Segundo José Roberto Scarpellini, a evolução nas pesquisas desse tipo de matéria-prima faz com que a região de Ribeirão ganhe potencial na produção de biodiesel. “Por conta da força das usinas e do setor sucroalcooleiro existente aqui.”
Lavoura familiar pode ser a saída
A agricultura familiar também foi uma opção apontada por pesquisadores que participaram ontem do evento em Ribeirão, para o avanço na produção nacional de biodiesel. “Desenvolvemos um trabalho em todo o Estado com pequenos produtores familiares para o cultivo de sementes oleaginosas como o girasol, para que a produção de biodiesel tenha um avanço social também”, disse Dílson Rodrigues Cáceres, engenheiro agrônomo do Núcleo de Produção de Sementes da Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati). Segundo Cáceres, a produção de biodiesel em escala industrial teve início com o Programa Nacional de Produção de Biodiesel, pela Lei número 11.097, de 2005. “Em breve espaço de tempo, estamos com uma média de produção 1,6 bilhão de litros de biodiesel e satisfazendo a obrigatoriedade da adição de 4% de biodiesel ao diesel fóssil, por isso temos de ampliar as variedades cultivadas para a produção.”
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