EUA, Brasil e Chile pretendem usar tecnologias avançadas de aproveitamento.
Valor Econômico
Empreendedores dos Estados Unidos pretendem usar tecnologias avançadas para aproveitar o potencial energético das ondas e ventos do Oceano Pacífico, enquanto iniciativas semelhantes também estão em andamento no Brasil e no Chile.
Em fevereiro, o Departamento do Interior dos EUA autorizou o primeiro projeto marítimo de energia eólica na costa americana do Pacífico, num ponto a cerca de 29 quilômetros da Baía Coos, no Estado do Oregon. Pouco mais ao norte, outro projeto poderia usar boias geradoras para produzir energia elétrica a partir dos movimentos da água do mar.
"Gostamos do que a Baía Coos tem a oferecer", diz Kevin Banister, diretor de desenvolvimento de negócios e relações com o governo da Principle Power Inc., firma por trás do projeto. "Está no meio de uma área realmente rica em ventos marinhos."
A Principle afirmou que poderia instalar cinco turbinas enormes até meados de 2017.
Os partidários da energia renovável há muito alardeiam os recursos oceânicos, mas projetos em três pontos da Costa do Leste dos EUA, situados mais próximos à terra, têm enfrentado a oposição de ambientalistas e representantes do turismo. A área do Oregon teria uma série de vantagens, como uma depressão continental profunda que causa ondas maiores e permite o uso de turbinas flutuantes - em vez das empregadas na costa atlântica, que são ancoradas no fundo do mar.
"Em primeiro lugar, há mais oceano", explica Kevin Watkins, consultor de energia de Portland, Oregon.
A Principle Power antevê um conjunto de turbinas eólicas flutuantes, cada uma capaz de gerar seis megawatts de eletricidade, suficientes para 10.000 residências. A empresa implementou um projeto semelhante na costa de Portugal.
Turbinas eólicas já são uma realidade no interior do Oregon, principalmente perto do rio Columbia, cuja imensa garganta funciona como um túnel natural para o vento. Mas o mar virtualmente elimina as limitações para o tamanho das pás rotoras, ou hélices, das turbinas, já que elas podem ser montadas próximas à costa e então transportadas para o alto-mar - sem ter que passar por túneis e estradas no caminho.
Watkins vem trabalhando com uma empresa de Nova Jersey, a Ocean Power Technologies Inc., num projeto para instalar boias geradoras de energia na costa do Estado, um pouco ao norte da Baía de Coos. A Ocean, que gastou US$ 6 milhões para desenvolver um protótipo que produz eletricidade a partir de ondas em alto-mar, pretende colocar a primeira boia em funcionamento em 2015 e depois mais nove até 2017.
A oposição a esses projetos poderia vir da indústria pesqueira do Oregon, que movimenta US$ 350 milhões por ano, segundo a comissão de pesca do camarão do Estado.
"Ninguém quer dizer 'não e acabou' para as propostas", diz Hugh Link, diretor executivo da comissão, "mas a indústria da pesca é um passáro na mão. As propostas para ondas e vento são dois passáros voando."
Pelo menos dois outros projetos de energia marinha estão sendo preparados para a costa do Oregon. A M3 Wave planeja instalar até agosto um dispositivo movido a pressão hidrostática no fundo do oceano. Já a Resolute Marine Energy Inc., de Boston, recebeu aprovação dos reguladores para um projeto comercial que vai atender o município remoto de Yakutat, no Alasca, e consiste em fileiras de painéis que oscilam com as ondas, gerando energia.
Iniciativas para produzir energia a partir das ondas do mar também estão ganhando impulso na América Latina.
No Brasil, dois projetos se destacam, ambos desenvolvidos pela Coppe, o centro de pós-graduação e pesquisa em engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e financiados através do programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica.
O primeiro projeto, uma usina instalada próximo ao quebra-mar do Porto de Pecém, no Ceará, foi testado em 2013 e está agora em fase de aprimoramento. Ele recebeu um investimento inicial de cerca de R$ 15 milhões da Tractebel Energia SA, diz Segen Estefen, professor de energia oceânica da Coppe. "O grande objetivo é que esse projeto seja um laboratório a céu aberto para testes deste novo tipo de fonte de energia."
O outro projeto, mais recente, ficará em alto-mar, perto da Ilha Rasa, no Rio de Janeiro, a cerca de 14 quilômetros da Praia de Copacabana. O protótipo está sendo financiado por Furnas (R$ 9 milhões) e incluirá um flutuador de 11 metros de altura sustentado por um pilar preso ao leito marinho. As duas usinas têm capacidade de 100 kW.
No Chile, o Banco Interamericano de Desenvolvimento vai desembolsar US$ 2,4 milhões para ajudar a financiar dois programas-piloto no sul do país, que importa 75% da energia que consome. "O Chile tem uma grande necessidade, primeiro de inovar na questão energética, porque não tem muitas fontes de energia fóssil, mas tem muitas fontes renováveis e tem muito potencial em suas ondas", diz Christoph Tagwerker, consultor de variação climática do BID e responsável pelo projeto.
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