EUA
Valor Econômico
Biocombustíveis, petróleo e gás estão no centro das atenções do governo Barack Obama em sua relação com o Brasil. Segundo o secretário-adjunto de Estado dos EUA para a América Latina, Thomas Shannon, que esteve ontem em São Paulo, os EUA acompanham com bastante interesse as descobertas de Tupi e de outros megacampos e apostam alto nos futuros negócios envolvendo energia limpa com o país.
Mas, “como em qualquer economia, há contradições”, disse Shannon ao reagir às acusações que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem feito a Washington por defender energias limpas e ao mesmo tempo taxar o etanol de outros países, incluindo o brasileiro.
“As tarifas que existem sobre o etanol importado pelos EUA e os subsídios para promover etanol de milho são parte de um programa de longo prazo de desenvolvimento de etanol”, disse. “Nossa esperança é que ao construirmos uma iniciativa junto com o Brasil em favor de energias limpas e sobre mudanças climáticas que nosso Congresso entenda a importância em adotar uma nova visão sobre esses tipos de tarifas e subsídios. Mas isso é um processo, um processo que leva tempo.”
Shannon veio ao Brasil - anteontem ele esteve no Rio - para falar sobre as expectativas do governo Obama em relação à Cúpula das Américas, que ocorre entre os dias 17 e 19 em Trinidad e Tobago.
Em entrevista concedida ontem, o secretário disse que o governo tem um compromisso com o tema da energia renovável e com os biocombustíveis. “Essa é uma parte importante da nossa relação com o Brasil e nesse aspecto de nossa relação e obviamente estaremos aptos a aprofundar.” Mas o petróleo - a tradicional e poluente fonte de energia dos EUA - também mobiliza o governo Obama a olhar com atenção para o Brasil como potencial futuro fornecedor.
“Estamos bastante interessados no petróleo brasileiro e no gás brasileiro”, disse Shannon ao ser perguntado sobre as descobertas recentes dos campos de óleo na camada do pré-sal. “É óbvio que quando o Brasil começar a explorar suas descobertas e conhecer sua magnitude e procurar formas de explorá-las, nós estaremos muito interessados em continuar as conversações [com o Brasil].”
A Venezuela é um dos principais fornecedores de petróleo ao mercado americano. E apesar das diferenças políticas que dificultaram a relação entre o presidente Hugo Chávez e o ex-presidente George W. Bush, a Venezuela, disse Shannon, manteve seu status de fornecedor confiável. “As quantidades caíram um pouco, produção já não é tão alta como era. Mas acima de tudo o fornecimento de petróleo tem sido constante. Eles têm sido confiáveis. Essa é na verdade a parte da nossa relação que pode ser a base para uma relação melhor.”
A Venezuela, assim como a Bolívia, expulsaram recentemente os embaixadores americanos sob acusações de interferência em questões de política interna. Washington já abriu negociações com o boliviano Evo Morales, disse Shannon. E, disse ele, espera fazer o mesmo com Chávez.
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