Valor Econômico
A Oxiteno vai investir US$ 94 milhões (cerca de R$ 245 milhões) na instalação da primeira fábrica de álcoois graxos (insumo utilizado principalmente na indústria de cosméticos) da América Latina.
O conselho de administração da Ultrapar, que controla 100% da Oxiteno, aprovou ontem o investimento, mas o protocolo de intenção de instalação da planta já havia sido assinado com o governo da Bahia no início do ano.
A planta ficará em Camaçari, a 45 quilômetros de Salvador, em em terreno de 150 mil metros quadrados ao lado da fábrica que a Oxiteno já tem no Estado. A unidade baiana, que faz parte da chamada segunda geração petroquímica, produz de éteres glicólicos (utilizados, por exemplo, na fabricação de tintas) a etileno glicóis, que fazem parte da composição de fibras de poliéster, mas seus produtos abastecem ainda setores que vão do couro aos defensivos agrícolas.
"O mercado de álcoois graxos de origem vegetal é crescente porque está crescendo o apelo dos produtos cosméticos naturais", diz Pedro Wongtschowski, diretor-superintendente da Oxiteno. A nova planta terá capacidade de produzir o álcool a partir do palmiste, ou óleo de caroço de dendê, do coco ou do babaçu.
A projeção é de que a nova unidade passe a operar no primeiro trimestre de 2007. Na primeira fase de instalação, deverão ser criados 70 empregos diretos. Há espaço para ampliação em uma segunda fase, segundo Wongtschowski, mas o orçamento para ela ainda não foi definido. "Isso vai depender de como estiver o mercado até lá", disse. O álcool graxo pode ser obtido a partir do processamento das plantas ou ter origem na indústria petroquímica. Em nenhum dos casos há unidades na América Latina. Nos Estados Unidos, afirma Wongtschowski, há uma de cada.
A planta será abastecida tanto por matéria-prima local quanto por óleos importados - entre os países fornecedores estão Malásia, Filipinas e Indonésia. No mercado interno, os álcoois da nova unidade da Oxiteno vão ser vendidos especialmente a clientes de São Paulo - o diretor-superintendente não citou nomes -, em uma estrutura logística que incluirá transporte terrestre e também embarques no Porto de Aratu, o maior da Bahia.
Segundo projeção da empresa, assim que começar a operar, a nova unidade terá capacidade de produção de 80 mil toneladas por ano. No ano passado, o mercado brasileiro consumiu 52 mil toneladas, o que abre, potencialmente, todo o mercado brasileiro à Oxiteno. A produção excedente deverá ser toda voltada à exportação, mas ainda não foram fechados contratos de venda no exterior, segundo Wongtschowski.
A soma de custos mais reduzidos e de incentivos fiscais oferecidos pelo governo da Bahia levou a companhia a optar por instalar no estado a nova planta. "Como já temos uma instalação grande na Bahia, quisemos aproveitar a estrutura. Fica mais econômico", diz o diretor-superintendente.
Soma-se a esses argumentos o fato de que a própria planta da Oxiteno no estado vai consumir a produção da nova unidade. Além da planta de Camaçari, a Oxiteno tem as unidades industriais de Mauá e Tremembé, ambas em São Paulo, e a de Triunfo, no Rio Grande do Sul.
A Ultrapar, controladora da Oxiteno e que atua também nos setores de distribuição de GLP (gás de cozinha) por meio da Ultragaz e no de logística de produtos químicos e combustíveis com a Ultracargo, teve lucro antes dos juros, impostos, amortização e depreciação (lajida) 48% maior em 2004. O lucro líquido anual cresceu 68%, para R$ 414 milhões.
No quarto trimestre, o ganho da Ultrapar foi 86% maior, totalizando R$ 110 milhões. O lajida evoluiu 63% sobre igual período do ano anterior, para R$ 186 milhões, mas caiu 15% na comparação com o terceiro trimestre de 2003. A receita líquida anual chegou a R$ 4,7 bilhões, com alta de 20%.
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