Entrevista

OTC, Houston: em entrevista Marcelo Batalha da Petrobras fala sobre o novo momento da Bacia de Campos

Redação/Agência Petrobras
03/05/2018 17:28
OTC, Houston: em entrevista Marcelo Batalha da Petrobras fala sobre o novo momento da Bacia de Campos Imagem: Scott Morgan/OTC Visualizações: 453 (0) (0) (0) (0)

A Bacia de Campos com 41 anos em operação é responsável por mais de 50% da produção de petróleo do Brasil, oferece inúmeras oportunidades e desafios para a Petrobras e suas parceiras e irá contribuir por muitos anos para a produção de petróleo no Brasil. Na última terça-feira (1/5), durante a Offshore Technology Conference (OTC), em Houston, Marcelo Batalha (foto), juntamente com diversos especialistas da Petrobras, apresentou a história e as perspectivas em um painel sobre a Bacia. Na entrevista abaixo, ele detalha alguns dos principais projetos da Petrobras para a região, que hoje conta com 53 unidades marítimas de produção e suporte às atividades.

Como a Bacia de Campos pode contribuir para o aumento da produção de petróleo da Petrobras, em seu 41º ano em atividade?

A Bacia de Campos é um dos maiores complexos petrolíferos marítimos do mundo e tem fôlego suficiente para se expandir e reduzir sua tendência natural de declínio da produção.

Temos uma série de projetos que irão garantir que a Bacia de Campos continue a produzir por muito tempo, de forma economicamente viável. Esses projetos envolvem a revitalização de campos, os novos sistemas que entrarão em produção e o investimento em projetos para aumentar o fator de recuperação.

Os 10 blocos exploratórios adquiridos pela Petrobras na Bacia de Campos, nas duas últimas rodadas de Leilão da ANP, são outro indicativo de que a bacia está ligada ao crescimento da Petrobras e continua apresentando grande potencial geológico. As áreas foram adquiridas de acordo com a estratégia atual da companhia de atuar de forma seletiva, para recompor o nosso portfólio e assegurar produção futura e sustentável.

Como estão os projetos para revitalização dos campos?

O caso mais adiantado é o de Marlim, cujo contrato de concessão foi estendido pela ANP até 2052, juntamente com o de Voador. A prorrogação está associada à realização de projetos de revitalização destes campos.

De acordo com o projeto, as nove plataformas atuais serão substituídas por duas unidades, com elevada capacidade de tratamento de água. A Petrobras usará os poços já existentes e construirá outros para drenar o óleo que ainda não foi aproveitado. A concepção do projeto prevê a convivência do sistema novo com o atualmente em produção, minimizando assim a interdependência com o projeto de desmobilização das plataformas atuais de Marlim. O processo de contratação das novas unidades foi iniciado em janeiro desse ano.

Estamos também discutindo com a ANP a extensão de outros contratos de concessão na Bacia de Campos, como os campos de Jubarte e Cachalote, no Parque das Baleias, e o campo de Albacora, que está completando 30 anos de produção. Albacora teve uma descoberta no pré-sal, a de Forno, que também será considerada nesse projeto de revitalização que estamos estudando.

Como o pré-sal pode contribuir para a continuidade da produção na Bacia de Campos?

O principal ganho das descobertas feitas no pré-sal da Bacia de Campos é que elas ocorrem em campos que já produzem na camada pós-sal há alguns anos e que já contam com infraestrutura instalada. Isso traz economia de custos para a companhia e também favorece a aceleração da entrada em produção dessas jazidas.

A descoberta de Brava, que está abaixo da concessão em Marlim, por exemplo, já está em produção na P-20. Estamos em fase de delimitação do volume existente e confirmado o potencial, isso pode trazer um grande incremento para a revitalização de Marlim, agregando esse volume lá também. Temos os campos de Jubarte e Baleia Azul, no Parque das Baleias, que estão produzindo no pré-sal na plataforma P-58 e no FPSO Cidade de Anchieta. Temos ainda os reservatórios de Tracajá (campo de Marlim Leste), Carimbé (campo de Caratinga) e Poraquê Alto (campo de Marlim Sul). Essas descobertas confirmam a capacidade de renovação da Bacia de Campos.

Quais outros projetos podem contribuir para a longevidade da produção na Bacia de Campos?

Além das duas novas plataformas de Marlim, temos previsto em nosso plano de negócios outros dois sistemas de produção na Bacia de Campos. O FPSO Campos dos Goytacazes, com capacidade de 150 mil barris por dia, entrará em produção nos campos de Tartaruga Verde e Tartaruga Mestiça nos próximos meses, com produção média superior a 20 mil barris por dia em 2018 e previsão de alcançar 80 mil barris por dia em 2019.

Já o projeto Integrado Parque das Baleias, no norte da Bacia de Campos (ES), um novo FPSO, com capacidade de 100 mil barris por dia, entrará em produção em 2021. O projeto nos campos de Jubarte, Baleia Franca e Cachalote, no complexo do Parque das Baleias, consiste na interligação de onze novos poços, que serão ligados à plataforma, além de remanejamento de alguns poços FPSO Capixaba e da P-58.

Outra iniciativa extremamente relevante diz respeito aos projetos para o aumento do fator de recuperação dos campos. Atualmente, a Petrobras possui 90 projetos na Bacia de Campos para perfuração, completação e interligação de novos poços, além de projetos para manutenção e aumento da eficiência das unidades de produção que operam na Bacia.

Outras ações de gerenciamento de reservatórios e o desenvolvimento de novas tecnologias também buscam aumentar o fator de recuperação. Nesse sentido, destaco a parceria com a Statoil no campo de Roncador, por meio da qual pretendemos aumentar o fator de recuperação com a aplicação de técnicas diferenciadas que a Statoil já aplique atualmente nos seus campos no Mar do Norte. Essas técnicas incluem uso intensivo de sísmica 4D (que inclui mapeamento sísmico ao longo do tempo como uma quarta dimensão), conceitos de simplificação de poços marítimos e alternativas para projeto do leiaute submarino.

Enfim, temos uma série de projetos que irão permitir que a Bacia de Campos, que já produziu 13 bilhões de barris de óleo equivalente desde 1977 e fez com que a Petrobras conseguisse superar inúmeros desafios, possa continuar produzindo por pelo menos outros 40 anos, com segurança e viabilidade econômica.

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