Certi e Claerq apresentam modelo de implantação do conceito em reunião na Fiesp.
Redação/Agência Indusnet FiespPor que implantar a Indústria 4.0? Para que efetivamente se garanta a sobrevivência da empresa. A pergunta e a resposta foram formuladas nesta sexta-feira (12/8) durante reunião do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Fiesp (Conic) por Carlos Alberto Schneider, presidente do Conselho da Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras (Certi). Ele fez apresentação em conjunto com Ronald Dauscha, presidente do Centro Latino-Americano de Inovação, Excelência e Qualidade (Claeq).
Schneider e Dauscha explicaram sua proposta para criar no Brasil uma iniciativa avançada em Indústria 4.0, a exemplo do que já têm Alemanha, China, Estados Unidos e França. Há vários movimentos de Indústria 4.0 no Brasil, explicou, com diferentes nomes. Citou oito – e também instituições que atuam em relação ao tema.
Dauscha destacou a estagnação brasileira em produtividade, o que é um desafio para a competitividade. Há necessidade de eficiência e de competitividade no mercado mundial, afirmou. Flexibilidade, inovação, sustentabilidade, produtividade e qualidade são as características que as empresas devem ter. Em todas essas frentes deve haver ganhos com a Indústria 4.0 – que, na definição de Schneider, é automação com uso do computador e com uma inteligência própria, com máquinas dotadas de sensores que lhes permitem decidir por mudanças nos processos.
Claeq e Certi propõem um processo chamado Rumo a I-4.0, que começa por um diagnóstico inicial em seis itens, já sabendo onde se quer chegar: planejamento estratégico; gestão da qualidade e processos; engenharia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; logística e pós-venda; fornecedores; tecnologias para a Indústria 4.0.
Completado o diagnóstico, é iniciada a implementação, com novas rodadas periódicas para continuar o avanço. O programa Rumo a I-4.0 prevê três etapas.
Um ponto destacado na apresentação foi a mudança de perfil nos recursos humanos, com menos trabalho físico e mais trabalho intelectual, com necessidade forte de formação de CdO (cabeças de operação). RH, defenderam, é muito importante na Indústria 4.0.
Schneider traçou o histórico das eras industriais, até chegar à Indústria 4.0. No novo paradigma da Fábrica 4.0, explicou, há um processo de automação em toda a fábrica e fora dela, incluindo os fornecedores, e em muitos casos, com interação com os clientes.
Tecnologias necessárias incluem a computação em nuvem, a Internet das Coisas, Big Data e outras, incluindo redes sem fio, RFID, virtualização (capacidade de rodar diferentes sistemas numa máquina). Fora isso, é preciso usar coisas como técnicas modernas de gerenciamento em todas as etapas do negócio, os preceitos de controle de qualidade total (QTC).
Dauscha explicou as razões para o lento avanço da Indústria 4.0 no Brasil e derrubou mitos. Não é complexa, não precisa ser implementada de uma vez, não é simples compra de tecnologia, nem todas as tecnologias estão maduras e disponíveis.
Sugere que as empresas parem, questionem e reflitam sobre, por exemplo, se há uma estratégia voltada à Indústria 4.0. Dauscha disse que se quisermos mudar de forma drástica a indústria brasileira, é preciso fazer algo semelhante ao que foi apresentado.
Vale do Silício
Na reunião, conduzida por Rodrigo Loures, presidente do Conic, André Cherubini Alves, diretor no Brasil e América Latina do Silicon Valley Institute for Business Innovation (SViBi), explicou que o programa é um projeto em construção, liderado por David Teece. É um instituto no Vale do Silício e um programa exclusivo para empresas com foco em inovação.
Seu objetivo é criar oportunidade de engajamento para empresas com interesse em inovação. Ideia é convidar equipes de até 3 pessoas responsáveis por pensar em inovação nas empresas. Elas devem ir em janeiro de 2017 para Mountain View, na Califórnia, para 3 dias de imersão. Depois as empresas se comprometem a criar e implementar ao longo de 12 meses um plano de inovação. Custa US$ 11.995.
O momento do Brasil, disse Alves, é de incerteza, de repensar as empresas, para reposicionamento e busca de novos mercados. Mais do que nunca é momento de pensar e agir, de levar a inovação para dentro das empresas.
Ao apresentar Cherubini Alves, Loures lembrou a importância de criar no Brasil ecossistemas de inovação de classe mundial. E ressaltou que o país vem perdendo competitividade.
Loures destacou também a necessidade de avançar na discussão de uma nova institucionalidade para a área de ciência e tecnologia no Brasil e apresentou um diagnóstico dos problemas do país na área. Em relação ao Conic, disse que há ausência de seus agentes em projetos ativos de inovação em empresas, escolas e movimentos. Pode ser um agente de mudança, disse, levando os demais atores a sair da zona de conforto. Para isso o Conic precisa criar uma estrutura, com participantes que integrem vários outros grupos relevantes na questão. Ronald Dauscha, presidente do Claeq, ficou encarregado de sistematizar a proposta, a ser apresentada ao Ministério das Comunicações, Ciência e Tecnologia.
Roberto Paranhos do Rio Branco, vice-presidente do Conic, e Paulo Bornhausen, conselheiro, também estavam na mesa principal da reunião.
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