Sinaval
Indústria da construção naval é um setor de ciclo longo de produção onde o ciclo de planejamento é de quatro a cinco anos. No momento a carteira de encomendas dos estaleiros estão parcialmente ocupadas com a construção de plataformas de produção de petróleo, navios petroleiros, navios de apoio marítimo, embarcações para transporte fluvial, rebocadores portuários e navios sondas, navios porta-contêineres e navios graneleiros. As entregas estão previstas até 2020.
Agora, em 2015, é o momento de definir o próximo ciclo de encomendas que permita que os estaleiros planejem sua produção até 2025.
Sabemos que são necessários mais navios petroleiros para a Transpetro, mais plataformas de produção de petróleo, mais navios de apoio marítimo e é necessário ampliar a construção de navios porta contêineres e graneleiros para o transporte marítimo na costa brasileira que em 2015 deve aumentar 15% em relação a 2014.
Do ponto de vista do mercado existe demanda firme por construção naval. Demanda que permanece aquecida nos segmentos de embarcação de transporte fluvial e de rebocadores portuários.
Existem questões que devem ser enfrentadas em relação a queda no preço do petróleo que deve causar impacto no plano de negócios da Petrobras para 2015 e os anos seguintes. O principal impacto deve ser na demanda por plataformas de produção de petróleo, já que as limitações de preços do petróleo e acesso a financiamentos podem provocar uma redução na demanda prevista.
O emprego direto nos estaleiros brasileiros chegou a mais de 82 mil pessoas, em dezembro de 2014. O novo cenário do preço do petróleo poderá reduzir a demanda do segmento offshore e poderá ocorrer redução no volume de empregos nos estaleiros dedicados a este segmento.
A construção naval para a produção de petróleo representa o maior volume de faturamento entre os principais estaleiros internacionais e no Brasil é o segmento de mercado com maior volume de encomendas.
Com a política de equilíbrio fiscal recalibrada todos os setores produtivos serão afetados. A construção naval também. Por suas características de ciclo longo de produção, esse impacto provavelmente ocorrerá ao longo dos próximos três anos. A expectativa é que neste período uma nova realidade econômica se imponha possibilitando a expansão da construção naval brasileira, que é um setor relevante, mas, bastante modesto em relação a outros setores da economia brasileira.
Existe um novo cenário para o investimento público que terá impacto em todos os fundos com recursos do orçamento federal. Ainda não existe possibilidade de uma avaliação clara sobre esse tema.
O que merece ser destacado é que os desembolsos informados pelo FMM aos estaleiros, de 2011 a 2014 somaram, R$ 17,7 bilhões que representa um desembolso médio de R$ 5,9 bilhões ao ano, nesses três anos. É uma participação modesta no total do orçamento federal.
Os desembolsos para a construção de plataformas de petróleo são estimados em pouco mais que esse valor, ao ano. São recursos do orçamento da Petrobras, onde se concentram as dúvidas quanto ao próximo plano de negócios da empresa.
O Sinaval considera que a fase de construção da capacidade produtiva foi realizada e agora chegou o momento de focar no aumento da produtividade e na gestão da produção. A formação de recursos humanos e o aumento da qualificação do pessoal é um objetivo permanente.
O conteúdo local é um debate em que cada interessado apresenta seus argumentos. Do ponto de vista das grandes petroleiras internacionais o conteúdo local reduz o lucro na operação de produção de petróleo. Mas, a alternativa de não ter o conteúdo local é abrir mão de uma grande oportunidade a centenas de milhares de brasileiros.
É interessante observar o que o presidente mundial da GE, Jeff Immelt, falou para a revista Veja (25/11/2014) e colocou em foco, do ponto de vista da alta gestão, a decisão da gigante mundial de confiar no Brasil. Sobre o conteúdo local disse que se fosse brasileiro em cargo de comando não abriria mão do conteúdo local. O que o Brasil pede não é inédito, disse, existem regras semelhantes em diversos países. Não há nada errado nisso, desde que o restante da economia seja produtiva e compense a elevação de custos adicionais de atender à exigência de conteúdo local.
Ariovaldo Rocha, presidente do Sinaval (Sindicato Nacional da Industria da Construção Naval e Offshore).
Fale Conosco
21