Valor Econômico
Com o desdobramento de ações feito pela Petrobras, o mercado de opções ganhou uma nova alternativa de liquidez, o que traz oportunidades para investidores e gestores alavancarem (aplicar mais recursos do que têm em carteira) ou protegerem seus portfólios. Desde que a petrolífera dividiu por quatro o preço de seus papéis, a participação das séries de Petrobras nos volumes mensalmente negociados tem sido crescente. As opções nada mais são do que o direito de comprar ou vender determinado ativo numa data futura a um preço preestabelecido. Para tanto, o investidor paga ou recebe um prêmio pela posição, o que implica desembolsos menores do que os que seriam necessários para a aquisição do ativo original.
Em novembro, até o dia 22, Petrobras já responde por 20,5% dos negócios com opções, com R$ 201 milhões. Um ano atrás, a fatia que cabia à empresa limitava-se a 2,68%, com R$ 52,07 milhões negociados. Em outubro já tinha sido assim: Petrobras abocanhou 13% do giro, com R$ 237,0 milhões, ante 6,4% de 12 meses antes. Esse comportamento está associado ao barateamento do lote de ações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que permitiu o acesso de novos investidores aos papéis. As preferenciais (sem direito a voto) - que vinham sendo cotadas na casa dos R$ 127 até o fim de agosto - passaram a ser negociadas na faixa dos R$ 32, com o desdobramento.
A própria Petrobras faz a conta e informa que depois do chamado "split" foram incorporados 5,5 mil novos investidores à base acionária. Isso se reflete no volume de negócios no mercado à vista e o mesmo começa a ocorrer com os seus derivativos. "Com mais uma opção ganhando liquidez no mercado, haverá mais margem para se ampliar os ganhos das carteiras", diz o gestor de fundos multimercados da SLW Corretora, Emerson Sanchez. Ele conta que há cerca de três meses concentrava as estratégias em opções com Telemar. Agora, divide suas apostas com Petrobras.
O mercado ainda está se adaptando ao desdobramento, mas, segundo prevê o consultor de Investimentos da Coinvalores, Felisberto Brant de Carvalho Neto, tudo indica que quando esse processo estiver concluído, as opções de Petrobras vão roubar a liquidez de Telemar. Ele cita que o intervalo de preços entre as diversas séries de Petrobras, que hoje está em R$ 1 (a R$ 32, R$ 33, e assim por diante) tende a evoluir para os mesmos R$ 2 de Telemar, fator que contribui para eliminar a dispersão ainda existente e concentrar a liquidez.
O especialista só recomenda o uso de opções para investidores com perfil mais agressivo e que estejam dispostos a girar seus recursos em posições mais especulativas. "Não dá para se pensar em opções para a formação de uma carteira, como alternativa de longo prazo", diz.
Em geral, esse é um mercado bastante democrático, pois dá para se adquirir opções a partir de R$ 50, R$ 100 e com custos de corretagem 20% menores. Mas o investidor deve ter consciência de que suas apostas precisam ser dosadas, porque os riscos não são nada desprezíveis. No caso das opções de compra, as mais líquidas no mercado brasileiro, o prejuízo vem quando o preço da ação fica abaixo do valor da opção na data do exercício, fazendo com que a posição vire pó e o aplicador perca todo o dinheiro do prêmio pago.
É por isso que o corretor da Socopa, Thomaz Teixeira, alerta que as opções podem tanto ser um instrumento de gerenciamento de riscos - é possível montar estratégias que possibilitem rendimentos prefixados ou mesmo limitem eventuais prejuízos - quanto de alavancagem. Ele lembra também que as chances de ganhos são expressivos, mas proporcionais ao potencial de perdas. "A atitude de comprar uma opção que subiu 30% num determinado dia não dura e o investidor pode se machucar."
Para o pequeno investidor, Teixeira sugere o uso de opções em operações casadas com o mercado à vista. Uma compra de Petrobras PN a R$ 32,50, por exemplo, pode ser combinada com a venda de opções do mesmo papel a R$ 34,00. Se a ação subir até R$ 34,00, a opção será exercida e o aplicador embolsa R$ 2,00, além do prêmio da opção (pago pela contraparte). Caso contrário, ele ganha o prêmio da opção não exercida, diminuindo o seu custo de aquisição.
E se o investidor tem um papel do qual não quer se desfazer porque acha que tem potencial de valorização no mercado, mas deve no banco, Teixeira dá a dica: venda a ação, cubra o saldo negativo e adquira uma opção. A alternativa será menos onerosa do os juros do cheque especial.
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