 Opinião
        
        
    
    
        
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    Redação / Assessoria
 
                
            Quem acompanha o mercado financeiro brasileiro deve ter visto nos  últimos dias os bons números sobre o mercado de fusões e aquisições –  M&A, na sigla em inglês – no ano de 2014. Os dados positivos sobre o  setor, divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Entidades  dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), contrariam as previsões  mais pessimistas e o momento fúnebre em que a economia se encontra.
Incólume  aos juros altos, inflação galopante, PIB pífio, e borbulhantes  escândalos de corrupção, os números de M&A bateram recorde de quase  R$ 193 bilhões no ano passado, um crescimento de 16,6% em relação ao ano  de 2013, segundo a Anbima. Nove das dez maiores operações ultrapassaram  a casa dos R$ 5 bilhões, o que, sem dúvida, alavancou o saldo positivo.
O  crescimento no volume de fusões e aquisições se deu, principalmente,  por grandes operações nos setores de Telecomunicações. Apenas a venda  pela Oi do ativo Portugal Telecom para a Altice, e a compra da GVT pela  Telefônica, somaram R$ 47,3 bilhões – 24,55% do total movimentado no ano  passado. E esse número é, sem dúvidas, ainda maior.
Segundo  relatório anual da PricewaterhouseCoopers (PwC), das 879 transações  anunciadas em 2014, apenas 266 tiveram seu valor divulgado. A empresa  mostrou que do total anunciado, 22 transações tiveram valor de compra  acima de US$ 1 bilhão, totalizando US$ 79,83 bilhões. Já as transações  de até US$ 100 milhões lideram o total de negócios com valor divulgado –  168 transações.
A região Sudeste ocupou o primeiro lugar no  ranking de operações de M&A no ano de 2014, com 71,7% das  transações, ampliando sua participação no mercado – em 2013, a liderança  era de 68,6 %, com o estado de São Paulo detendo 59,6%.
Porém,  se a economia vai tão mal, como se percebe claramente nas ruas com a  crise hídrica e elétrica, somada ao alto custo do capital, a baixa  produção industrial e a queda no consumo, quais motivos levaram as  fusões e aquisições a crescer quase 17% em 2014? 
Dois fatores  merecem ser lembrados. Um deles é que a aquisição da GVT pela Telefônica  foi fechada em 2013. Mas, a aprovação pela Agência Nacional de  Telecomunicações (Anatel) e pelo Conselho Administrativo de Defesa  Econômica (Cade) se deu apenas em 2014, o que engorda os números do  respectivo ano.
O outro, e de enorme importância, se deve  justamente ao cenário econômico ruim, crises elétrica e hídrica, e aos  escândalos de corrupção. Com a operação Lava Jato da Polícia Federal,  que investiga contratos superfaturados com a Petrobras, as construtoras  envolvidas estão se desfazendo de ativos ou buscando consolidação em  função de suas restrições de crédito.
A contribuição da crise  energética e hídrica para os bons números de 2014 fica com as empresas  de óleo e gás e o setor elétrico, ambos com dificuldades de  financiamento. E por último, a crise econômica tem provocado a baixa  taxa de ocupação dos imóveis comerciais e, por consequência, a redução  dos ativos locais na Bolsa de Valores.
Em resumo, todos os pontos  negativos na economia brasileira, se vistos de outra perspectiva,  mostram que têm sim o seu lado próspero, onde a crise logo se torna  oportunidade de negócio.
Assim, vemos que o mercado de M&A  deverá continuar aquecido e em crescimento. A crise econômica e os  escândalos de corrupção ainda perdurarão por um bom tempo. E com isso,  inúmeras oportunidades de fusões e aquisições irão surgir pelos próximos  meses.
Gustavo Sardinha é advogado especialista  em M&A, avaliação de empresas e desenvolvimento de negócios, e  sócio do escritório Limiro Advogados Associados 
 
        
            
        
            
        
        
            
                
    
        
             
        
            
        
        
            
     
        
                
            
        
        
        
        
             
        
            
        
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