Valor Econômico
As autoridades de Cingapura dizem que não veem um acordo de livre comércio com o Brasil no horizonte principalmente por causa de obstáculos do lado brasileiro.
Segundo diplomatas brasileiros, há realmente uma série de dificuldades políticas. Primeiro, o Brasil teria de negociar um TLC junto com os parceiros do Mercosul, o que não é fácil. Além disso, o Brasil resiste em assinar acordos mais abrangentes com Cingapura por considerar o país asiático um paraíso fiscal.
Todo país com impostos corporativos abaixo de 20% é automaticamente considerado pelo Brasil como paraíso fiscal, o que inclui Cingapura. Por isso, um acordo para evitar bitributação entre os dois países continua engavetado, o que desestimula os investimentos de empresas cingapurianas no Brasil.
Estranhamente, Suíça, Irlanda e Uruguai também têm impostos corporativos abaixo desse patamar, porém não são considerados por Brasília como paraísos fiscais.
Uma autoridade cingapuriana, que pediu para não se citada, afirma que as empresas do país têm passado por dificuldades extras para conseguir contratos por conta própria no Brasil e, por isso, têm adotado a política de criar parcerias com empresas brasileiras. "Temos relações excepcionais com empresas brasileiras. Acho que essa será a melhor maneira de atuarmos no território brasileiro, já que as tentativas de conseguirmos contratos expressivos por conta própria acabaram sendo infrutíferas", disse o cingapuriano.
O interesse no Brasil vem aumentando nos últimos tempos por causa de três fatores principais: petróleo; obras do PAC; e Copa do Mundo de 2014.
Os empreendimentos na área de petróleo já são mais visíveis. Em janeiro, a P-51, plataforma semisubmerssível construída pelo estaleiro BrasFELS, controlado pela cingapuriana Keppel, começou a operar na Bacia de Campos, no campo de Marlim Sul. No sábado, por exemplo, a Keppel e a brasileira Queiroz Galvão promoverão em Cingapura a cerimônia de entrega de uma nova plataforma de petróleo para a Petrobras. As autoridades cingapurianas falam do pré-sal como se fosse uma oportunidade de ouro para "fincar o pé com mais força" no mercado brasileiro.
Quanto às obras do PAC, os cingapurianos se dizem já "carta dentro do baralho", por causa das parcerias com as grandes empreiteiras brasileiras.
Já a Copa do Mundo de 2014 desperta interesse por causa das obras de infraestrutura que serão necessárias para a competição, diz a autoridade cingapuriana.
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