Mão-de-obra

Naval e petrolífera enfrentam gargalos

Jornal do Commercio
16/06/2008 12:05
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O setor de petróleo e gás não dispõe da mão-de-obra necessária ao seu desenvolvimento e a indústria naval carece de investimentos. De acordo com o novo diretor presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Carlos Mauricio de Paula Barros, estes são os principais gargalos que impedem o desenvolvimento sustentável destas indústrias no País. O volume de oportunidades nos últimos anos é tão grande que está acima da capacidade das empresas de executar os projetos possíveis, afirma.

 

"O grande desafio é congregar as empresas em um esforço de desenvolvimento interno e externo para poder fazer frente aos investimentos que vêm pela frente. Os investimentos da Petrobras, por exemplo, já eram muito grandes e agora com a descoberta de reservas na chamada camada pré-sal ninguém sabe quanto ela terá de investir. Recentemente a companhia anunciou a construção de mais 44 navios e 40 sondas de perfuração, o que exigirá um grande montante de novos investimentos", disse.

 

De acordo com ele, há barreiras semelhantes estão no caminho das indústrias de siderurgia, papel e celulose e petroquímica. Barros alerta que mais recursos deverão ser investidos, pois as empresas não podem dobrar o faturamento sem reflexos internos, como necessidade de mais pessoal.

 

Barros aponta a falta de profissionais qualificados como o principal entrave para o crescimento da indústria. Segundo ele, a Abemi está trabalhando mais de perto com o setor de petróleo e gás, mas os problemas são comuns a outros segmentos.

 

"A Abemi tem hoje programa de formação de pessoal que está acoplado ao Plano Nacional de Qualificação Profissional do Programa de Mobilização da Industria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp) que prevê formar 130 mil pessoas de todos os níveis, desde gerentes até operários em geral, com investimento de R$ 220 milhões neste treinamento. Atualmente, entre formados e em formação, temos 30 mil pessoas. O programa começou em 2006 e procura suprir as demandas que foram vistas de falta de pessoal na época, somente do setor de petróleo e gás."

 

O número de contemplados pelo programa está muito abaixo da realidade atual do mercado, acrescenta Barros, já que os planos da Petrobras estão sendo revistos com as recentes descobertas. Ele lembra que há grandes investimentos sendo feitos também em outras áreas da economia e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

 

"Com este nível de investimento no País, vai haver entrada de mais empresas estrangeiras. O petróleo no mar só vai ter desenvolvimento no Brasil e na África. Não vai ter no Golfo do México, no Mar do Norte, nem em nenhum outro lugar. Assim, as empresas que estão nestes lugares virão para cá. Eu não vejo problemas nisso, desde que estas empresas se instalem aqui e fiquem para dar emprego para os brasileiros, em vez de pegar os projetos daqui e levar lá para fora, o que pode ocorrer caso não tenhamos condição de fazer frente ás demandas do mercado", afirmou.

 

No processo de elaboração do curso de qualificação, a Abemi mapeou todos os empreendimentos de petróleo e gás, apurou quantas pessoas seriam necessárias para executar os projetos e de quantas as empresas dispunham. O processo levou mais de um ano até ser concluído. A associação ainda elaborou o perfil profissional ideal para cada função e criou cada um dos cursos. Para cada categoria há grade de disciplinas e determinado número de horas-aula. A Abemi também investigou em que regiões do País cada categoria era mais necessitada.

 

O diretor-presidente aponta outro gargalo, que dificulta ainda mais a formação profissional, que é a falta de professores.

 

"Há gargalo também do outro lado. Não há pessoal suficiente para ensinar. Algumas vezes tentamos dobrar o número de turmas, mas não há professores disponíveis. São profissionais muito especializados. Estamos atuando neste limite."

 

Outra barreira detectada pela Abemi é na indústria naval. O setor ficou estagnado por muito tempo e, além de não ter pessoal, faltam estaleiros para construir navios. Para contornar esta barreira, Barros aponta novamente a necessidade de investimentos na área.

 

"O empresariado hoje precisa ter pelo menos visão de médio prazo. A indústria naval precisa de investimento em novos estaleiros. Pelo menos três novos grandes estaleiros para fazer frente ao que se pretende desenvolver no Brasil. A indústria precisa de investimentos e o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) precisa atuar com a velocidade que o mercado exige. Se não for rápido, estes projetos vão para fora. O Banco tem recursos limitados para a indústria naval. Há uma promessa para que isso seja revisto", comentou.

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