O governo moçambicano vai submeter na próxima semana para aprovação em Conselho de Ministros o plano de desenvolvimento da indústria de biocombustíveis, o mais importante instrumento para o lançamento da produção em grande escala desta atividade no país.
Agência LusaO governo moçambicano vai submeter na próxima semana para aprovação em Conselho de Ministros o plano de desenvolvimento da indústria de biocombustíveis, o mais importante instrumento para o lançamento da produção em grande escala desta atividade no país.
A iniciativa foi confirmada pelo ministro moçambicano da Energia, Salvador Namburete, em declarações à Agência Lusa, à margem da conferência internacional “Desenvolvimento energético em África: a opção dos biocombustíveis”, que acontece em Maputo.
O documento deverá definir as linhas gerais da política para o setor, principalmente a sua compatibilização com a produção de alimentos, além de um mapa das terras aptas para o cultivo das culturas escolhidas (jatropha, cana-de-açúcar, sorgo doce e girassol).
Namburete explicou que a terra que será destinada para a produção, cerca de sete milhões de hectares, “vai depender das necessidades que os investidores apresentarem”, sendo certo que “será inevitável a coabitação entre a produção de comida e de biocombustiveis”.
A lista completa dos projetos apresentados ao governo para a exploração nunca foi oficialmente divulgada.
O autor do primeiro estudo sobre a viabilidade desta indústria no país, Edward Hoyt, da empresa norte-americana Econergy, afirmou existirem 21 projetos na gaveta.
Primeira indústria
Em outubro, o governo moçambicano deu o aval para a instalação no país da primeira fábrica de etanol, orçada em 345 milhões de euros de uma sociedade de capitais estrangeiros e moçambicanos, a Procana.
A Procana produziria 120 milhões de litros de etanol por ano numa área de 30 mil hectares, em Massingir, província de Gaza, permitindo gerar biocombustíveis, não apenas para consumo interno, mas também para exportação, sobretudo para a África Austral.
O projeto gerou protestos de agricultores do distrito de Chókwé, alegando que poderá provocar uma catástrofe ambiental nos recursos hídricos da região, devido ao consumo excessivo de água que o cultivo da cana-de-açúcar em escala industrial acarreta.
Galp
Há cerca de um ano, o grupo luso Galp Energia entrou também na corrida, assinando um memorando de cooperação com a Visabeira Moçambique para o desenvolvimento de um projeto agro-industrial para a produção, comercialização e distribuição de biocombustíveis.
A produção seria destinada à exportação para Portugal, com processamento em unidades de biodiesel da Galp Energia, e também para o consumo interno.
O desenvolvimento destas atividades ficará a cargo da Moçamgalp, empresa constituída pela Galp Energia e Visabeira, que procederá à identificação dos terrenos adequados à produção de oleaginosas, numa área que poderá ir até aos 150.000 hectares.
A Moçamgalp vai ainda promover a construção de uma unidade industrial para produção de óleo vegetal que será, em parte, exportado para Portugal, para processamento nas refinarias da Galp Energia para incorporação em combustível rodoviário como biodiesel hidrogenado.
O restante seria destinado à produção de biodiesel numa unidade industrial, a ser construída em Moçambique, para abastecimento local.
Também a Geocapital, empresa com sede em Macau, dos empresários Stanley Ho e Ferro Ribeiro, quer entrar no setor, tendo recentemente anunciado a sua intenção de investir US$ 40 bilhões nos próximos dez anos para a produção no país, e também em Angola e Guiné-Bissau.
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