Balanço

Mercado de gás entra em colapso

Gazeta Mercantil
25/03/2009 07:07
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O declínio nos preços do óleo bruto ganha todas as manchetes, mas o primeiro excedente de gás natural globalizado está motivando um colapso ainda mais drástico no custo do gás de cozinha, de calefação e de uso industrial nos EUA e em muitos outros países. Seis usinas gigantes, capazes de esfriar e liquefazer gás para exportação, devem entrar em operação este ano no momento em que as economias dos países asiáticos e europeus que importam a maior parte do gás de uso industrial estão desacelerando.

 


Os especialistas e os executivos da área energética dizem que isso significa que os carregamentos de gás do Catar, Egito, Nigéria e Argélia, que em outros tempos seriam transportados para o Japão, Coréia, Taiwan e Espanha, estão começando a chegar em supertanques nos Estados Unidos, mesmo que haja excesso de gás aqui também.

 

O gás natural no mercado norte-americano custa um pouco mais de US$ 4 por mil pés cúbicos, abaixo do auge de mais de US$ 13 no ano passado. O óleo agora custa um pouco mais do que US$ 51 o barril, abaixo do pico de mais de US$ 145 em julho. Em média, os preços mundiais para pagamentos à vista das cargas de GNL acumularam perdas de mais de dois terços desde o terceiro trimestre de 2008.

 

Os preços do gás natural provavelmente não descerão mais, dizem os analistas, mas o aumento nas importações pode mantê-los baixos até a economia global se recuperar e retomar a demanda.

 

Essa é uma boa notícia para os consumidores e para muitas empresas americanas, já que o gás fornece cerca de um quinto da energia gerada pelas empresas de energia elétrica e é um componente vital para os fertilizantes, plásticos e outros produtos industriais. Mas é má notícia para aqueles que defendem a independência energética, que incentivaram a expansão da perfuração e a produção de gás nacional nos últimos quatro anos.

 

Os executivos do setor de gás acreditam que as importações de gás natural liquefeito (GNL) nos EUA no mínimo triplicarão no segundo semestre deste ano. Esse aumento chega quando os produtores nacionais reduziram a quantidade de equipamentos de perfuração nos campos de gás natural pelo país em 50% nos últimos meses em função da queda dos preços, resultando num inesperado recuo da produção antes do fim do ano.

 

Normalmente, o declínio da produção gera alta do preço do gás, conduzindo a uma eventual recuperação na atividade de perfuração. Mas os executivos do setor dizem que o aumento das importações vão provavelmente atrasar a recuperação na produção, que até agora dependeu quase inteiramente das forças nacionais de mercado.

 

Bolha mundial de gás

 

“Os EUA costumavam ter bolhas no mercado de gás por si mesmos, agora o mundo pode ter uma bolha de gás”, disse Donald Hertzmark, um consultor que assessora empresas energéticas sobre projetos internacionais de gás. “Nos próximos anos, o mercado globalizado de gás exercerá influência moderada sobre os preços de gás aqui nos EUA”.

 

Para Hertzmark, o declínio nos preços do gás significará uma grande estímulo para as economias nacional e mundial. Os executivos do setor petrolífero norte-americano veem isso de outra forma.

 

Rodney Waller, vice-presidente sênior da empresa de óleo e gás Range Resources, classificou a alta prevista nas importações de GNL como parte de uma “pilha” de problemas, como as quedas da demanda, dos preços e do crédito que incomodam as empresas que elevaram seus orçamentos de exploração e produção nos últimos anos para atender a expansão da demanda. “Sempre que forçamos a queda dos preços, diminuímos a capacidade das empresas independentes americanas de ampliar as reservas e a produção nacionais”, ele disse. Ele advertiu que algumas empresas de pequeno e médio porte de óleo e gás “com dificuldade para pagar suas dívidas agora serão simplesmente empurradas para a beirada”.

 

O gás está se tornando uma commodity global como o petróleo. Ainda está livremente ligada aos preços mundiais referenciais de óleo e seu preço, normalmente estabelecidos por contratos de longo prazo em outros países, exceto para os EUA e Grã-Bretanha, podem mudar bastante de um continente para outro. Até alguns anos atrás, o GNL era uma necessidade cara para países que não produziam seus próprios estoques ou tinham acesso para reservas canalizadas; mas agora é uma força motora econômica barata para países como o Japão, com poucos recursos energéticos.

 

Mas à medida que mais terminais forem construídos, cresce a quantidade de gás que é transportado de um continente para outro em navios-tanques gigantes. E agora o desenvolvimento do mercado global para o gás está prestes a dar um passo gigantesco. A capacidade global para as exportações de GNL de 200 milhões de toneladas ao ano aumentará em 25% com a conclusão de seis novas usinas no Catar, Rússia, Indonésia e Iêmen, totalizando US$ 48 bilhões em investimentos, e com a modernização de uma sétima usina na Malásia.

 

As empresas nacionais de energia nesses países, assistidas pela ExxonMobil, Total, BP e Shell, apressaram a construção desses projetos nos últimos anos para satisfazer o apetite crescente por energia no mundo. Mais grandes usinas entrarão em operação em 2010 e 2011.

 

“Nós tivemos muitos anos de demanda sempre em alta, então o mundo estava preparado para isso, mas não para essa recessão econômica de alcance e impacto globais”, disse Darcel L. Hulse, presidente e diretor-executivo da Sempra, divisão da Sempra Energy, que opera um terminal de importação no México e finaliza a construção de uma instalação na Louisiana. “É isso que tem exacerbado tanto o desequilíbrio de oferta e da demanda”.

 

Alguns analistas dizem que as empresas podem retardar a conclusão de alguns dos novos projetos de terminais de exportação. “As empresas vão querer colocá-los em operação porque querem recuperar seus investimentos feitos para quatro a cinco anos e liquidar suas dívidas”, disse Nikos Tsafos, analista da PFC Energy, uma consultora que assessora os governos e as empresas energéticas.

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