Ações voltadas para pesquisa de biocombustíveis para aviação estão na agenda do MCTI. Liderança do Brasil na área contribui para o desenvolvimento de novas tecnologias que reduzem a emissão de carbono pela aviação.
MCTI/RedaçãoCom o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCTI), o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) construiu uma célula de teste de biocombustíveis para aviação. A célula servirá para a realização de experimentos controlados em um protótipo instalado no Laboratório de Propulsão, Combustão e Energia (LPCE) do ITA. Com a inauguração da célula em novembro passado, quando foram realizados os primeiros testes, o ITA pretende dar a oportunidade para testes de biocombustíveis desenvolvidos pela indústria, universidades e institutos de pesquisa. O projeto recebeu R$ 1,7 milhão de recursos da Finep.
Além de investir na construção da célula de teste no ITA, o MCTI, por meio da Secretaria de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento (Seped), está preparando um conjunto de ações integradas para biocombustíveis aeronáuticos.
"É muito comum que se mande o produto da pesquisa para o exterior para testar ou certificar lá fora. Então, essa célula de testes do ITA é muito importante. O ITA é uma das instituições que tem alta capacitação nessa área de combustão e está localizada onde se encontram várias empresas que desenvolvem produtos para o setor da aviação", explica o coordenador-geral de Tecnologias Setoriais do MCTI, Eduardo Soriano.
"Nessa linha de apoio a biocombustíveis aeronáuticos nós lançamos no ano passado um edital conjunto MCTI, Fapesp, União Europeia e Confap de biocombustíveis avançados. Esse edital engloba linhas de pesquisa para novas rotas de produção, novas tecnologias, equipamentos. É um projeto grande no Brasil e no exterior justamente para tentar viabilizar a produção de novos biocombustíveis", acrescenta.
Emissões
Segundo dados da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), a aviação comercial cresceu a uma taxa média de 5% ao ano nos últimos 33 anos. Apesar de o transporte aéreo representar, atualmente, 3% das emissões de gases de efeito estufa, esse percentual poderá saltar para 15% em 2050, considerando o ritmo de aumento da demanda global. Atento a essa perspectiva, a indústria da aviação estabeleceu metas para atingir um crescimento neutro de carbono até 2020 e reduzir em 50% as emissões de dióxido de carbono (CO2) até 2050 – tendo como referência os níveis de emissão em 2010.
A redução de emissões mobiliza a indústria, universidades e institutos de pesquisa em todo o planeta na busca de novas tecnologias que envolvem desde mudanças na estrutura e composição das asas até maior eficiência dos motores. "O mercado mundial está precisando reduzir as emissões no setor aeronáutico e o único jeito é usando biocombustíveis. Entre 30% a 40% dos custos de um voo comercial são gastos com o combustível. O Brasil tem sido líder na área de biocombustíveis e não pode perder essa corrida. O País tem tradição nessa área e uma biodiversidade muito grande, o que permitiria identificar oleaginosas e outras plantas e fontes para a produção de biocombustível", avalia Soriano.
O Brasil tem papel importante, já que tem tradição no uso de etanol e biodiesel. Uma série de pesquisas está em curso em diversas universidades e institutos de pesquisas, algumas delas patrocinadas pela Boeing, Embraer e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). De acordo com Soriano, a Seped foi "responsável por todo programa de testes do biodiesel no Brasil".
"Quando os carros começaram a rodar oficialmente no País, o MCTI foi quem coordenou o programa de testes que permitiu que os fabricantes dessem garantia de qualidade e segurança desses combustíveis", conta.
"Todas as empresas nacionais estão participando de testes, de ações relacionadas ao uso de biocombustíveis na aviação. Existe uma plataforma de bioqueresone, inclusive, constituída por uma série de empresas, associações de produtores de matérias primas vegetais. Há também um arranjo do setor privado justamente para tentar viabilizar a utilização desses biocombustíveis, pois o custo hoje é muito elevado, mas a ideia é fomentarmos o desenvolvimento da pesquisa e a inovação no setor para reduzir os custos", esclarece o coordenador substituto de Ações de Desenvolvimento Energético do MCTI, Gustavo de Lima Ramos.
Fale Conosco
21