Valor Econômico
A fabricante de motores elétricos WEG colocou em revisão suas expectativas de crescimento para o ano. A empresa, que previa aumento de 15% na receita operacional bruta de 2009 em relação aos R$ 5,5 bilhões de 2008, após fechar os dados do primeiro trimestre passou a considerar que “poderá não atingir a meta prevista”.
O diretor de relações com investidores, Alidor Lueders, disse que a WEG não estipulou uma nova meta porque neste momento não tem “visibilidade do cenário”. “Qualquer número neste momento seria meramente um número, não indicaria nada porque a visibilidade não está clara.”
Segundo ele, a meta de 15%, feita no orçamento fechado em novembro, ainda que tenha sido estimada dois meses depois do estouro da crise mundial, levou em conta a situação que a empresa tinha naquele momento, em que não sentia ainda impacto da crise nem no mercado interno nem sobre as metas e novos negócios de suas controladas. “Mas foi uma meta muito arrojada para o atual cenário”, considerou Lueders.
Para o executivo, ainda não é possível dizer que “o pior da crise já passou”. Ele explica que os novos pedidos não condizem com a capacidade instalada da empresa e que, por isso, foram adotadas medidas recentemente, como o fechamento da unidade de Guarulhos (SP), com demissão de 370 pessoas, e redução de 25% na jornada e de 20% nos salários de parte dos trabalhadores (cerca de 7 mil pessoas) em Jaraguá do Sul (SC). Segundo ele, outros ajustes não estão descartados. A empresa está renegociando contratos e parou as contratações, não repondo nem mesmo aqueles funcionários que saem pelo giro normal da companhia. No ano passado, no primeiro trimestre, saíram da WEG 600 pessoas e foram contratadas quase 1,5 mil. Nesse primeiro trimestre, saíram cerca de mil pessoas e praticamente não houve contratação.
No resultado trimestral divulgado ontem, a WEG registrou queda de 3% no lucro líquido, que fechou em R$ 122,2 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização recuou 11% para R$ 181,1 milhões no trimestre. Em relatório, o banco Fator considerou “fraco” o lucro líquido da WEG, que ficou 19% abaixo da expectativa do banco. O analista Lucas Brendler, do banco Geração Futuro, também previa lucro líquido maior, de R$ 134 milhões. Ele estima um crescimento de 8% na receita operacional bruta da WEG para o ano.
Ainda que tenha registrado aumento de 16% na receita operacional bruta no trimestre para R$ 1,3 bilhão, a empresa não conseguiu ampliar sua lucratividade por conta da crise econômica, que levou ao aumento da ociosidade na fabricação de motores para eletrodomésticos e equipamentos eletroeletrônicos industriais e também impediu que ela repassasse nos últimos meses o total de aumento de preços que teve nas matérias-primas ao longo do segundo semestre de 2008.
A receita do segmento de motores para eletrodomésticos recuou 6 pontos percentuais em relação ao primeiro trimestre de 2008, o segmento de equipamentos eletroeletrônicos industriais caiu 2 pontos percentuais e o setor de tintas teve retração de 0,6 ponto percentual no mesmo comparativo. Apenas a área geração, transmissão e distribuição de energia apresentou crescimento no período, de 8 pontos percentuais, por se tratar de projetos de longo prazo, que sofrem de forma menos imediata as consequências de uma crise.
Em relação ao não-repasse total dos aumentos dos insumos, Lueders apenas destacou que houve incremento nos preços, por exemplo, do cobre, da chapa de aço e de componentes eletrônicos importados por conta do dólar e não comentou de quanto deveria ter sido o repasse para não prejudicar a lucratividade. A empresa registrou aumento de 30% no trimestre nos custos de produtos vendidos, que ficou em R$ 736,3 milhões.
Apesar das dificuldades, a receita da WEG nos primeiros meses cresceu tanto no Brasil quanto no exterior. Houve 6% de incremento no mercado interno, respondendo por R$ 802,4 milhões, e 38% no mercado externo, em um total de R$ 468,6 milhões.
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