Hidrelétricas

Localização e modelo de novas usinas desafia país

Erros como o de Balbina (AM) não serão repetidos.

Valor Econômico
10/10/2013 14:21
Visualizações: 428

 

O governo federal reconhece os erros cometidos e garante que novas usinas hidrelétricas como a de Balbina não serão reproduzidas no país. A retomada da construção de usinas com reservatórios de acumulação, no entanto, como é o caso de Balbina, é um tema que, nas palavras da presidente Dilma Rousseff, "tem que ser discutido".
Ontem (9), reportagem do 'Valor' mostrou os problemas criados pela construção da hidrelétrica de Balbina, no Amazonas, na década de 80. A obra exigiu a inundação de 2.360 km2 de mata nativa. O rio Uatumã, que não passava de um pequeno afluente do rio Amazonas, se transformou em uma gigantesca represa, com área equivalente às das cidades de São Paulo e Campinas juntas. O lago formado é tão grande que pode ser identificado em imagens de satélite em qualquer serviço de mapa disponível na internet. Tudo para obter uma potência instalada de 250 megawatts (MW) e fornecer apenas 12% da energia consumida por Manaus.
Apesar disso, os planos para erguer projetos com grandes represas - situação que permite o controle da vazão da água por mais tempo, o que significa mais garantia de energia - não foram descartados. A questão agora é saber em que locais essas barragens poderiam ser construídas.
Todos os grandes aproveitamentos hidrelétricos do governo apontam para a região amazônica. Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) sinaliza que, atualmente, há cerca de 30 usinas planejadas ou em fase de construção na região. Nessa lista de projetos, a joia da coroa é São Luiz do Tapajós, a última grande hidrelétrica prevista para ser instalada na área que um dia já pertenceu ao Parque Nacional da Amazônia.
O governo tem enfrentado uma série de dificuldades para realizar os estudos de viabilidade técnica e ambiental de São Luiz, usina estruturada para ter capacidade de 6.133 megawatts. No governo, a expectativa é que, até o início do ano que vem, os estudos estejam prontos e sejam entregues ao Ibama. A previsão é leiloar a construção da hidrelétrica entre o fim de 2014 e início de 2015, meta que dificilmente será cumprida, dada a complexidade do projeto.
O argumento central utilizado pelo governo para levar adiante as novas usinas da Amazônia é de que seus reservatórios não acumulariam grandes volumes de água. As hidrelétricas a "fio d'água", como são conhecidas, aproveitariam a força de vazão dos rios para gerar energia, dispensando a necessidade de se erguer grandes barragens para gerar acúmulo e queda de água.
Na prática, os reservatórios sempre são necessários, seja qual for a engenharia escolhida. A hidrelétrica de Itaipu, com seu lago de 1.350 km 2, é uma usina a fio d'água, só que possui potência de geração de 14 mil MW. Outras hidrelétricas em construção - Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, Teles Pires e Belo Monte, no Estado do Pará - também entram nessa categoria, apesar de formarem também grandes lagos.
O Brasil é dono do terceiro maior potencial hidrelétrico do planeta e detém 10% de todo o recurso hídrico mundial, só atrás da China (13%) e da Rússia (12%). Desse total, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), somente um terço é utilizado até hoje para geração de energia. Os demais 66% estão na Amazônia.
Para viabilizar os empreendimentos, o governo recorreu ao expediente de reduzir, por meio de portarias, unidades de conservação ambiental permanentes. Por lei, essas florestas não poderiam ser afetadas pela inundação de lagos de usinas.
O inventário hidrelétrico e o Plano Decenal de Energia (PDE), documentos do governo que funcionam como bússola para a expansão energética do país, indicam que novas revisões de áreas protegidas terão, inevitavelmente, de ser feitas.
Também terão que ser tomadas medidas em relação aos crescentes conflitos indígenas, por conta da aproximação cada vez maior de terras demarcadas. O Instituto Acende Brasil, especializado no setor elétrico, aponta que, dos 19,6 mil MW de energia hidrelétrica previstos para serem adicionados à matriz energética até 2021, 82% (16.089 MW) interferem em terras indígenas. Nas últimas semanas, o governo tem enfrentado uma série de manifestações para viabilizar as audiências públicas da usina de São Manoel, no rio Teles Pires.
"O que vemos é que o processo de decidir o que fazer não mudou em nada desde Balbina, apesar das mudanças na legislação ambiental. Todos os estudos são feitos depois que a decisão já está tomada. Eles não servem para atestar a viabilidade de algo, mas para ratificar a execução", afirma Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

O governo federal reconhece os erros cometidos e garante que novas usinas hidrelétricas como a de Balbina não serão reproduzidas no país. A retomada da construção de usinas com reservatórios de acumulação, no entanto, como é o caso de Balbina, é um tema que, nas palavras da presidente Dilma Rousseff, "tem que ser discutido".


Ontem (9), reportagem do 'Valor' mostrou os problemas criados pela construção da hidrelétrica de Balbina, no Amazonas, na década de 80. A obra exigiu a inundação de 2.360 km2 de mata nativa. O rio Uatumã, que não passava de um pequeno afluente do rio Amazonas, se transformou em uma gigantesca represa, com área equivalente às das cidades de São Paulo e Campinas juntas. O lago formado é tão grande que pode ser identificado em imagens de satélite em qualquer serviço de mapa disponível na internet. Tudo para obter uma potência instalada de 250 megawatts (MW) e fornecer apenas 12% da energia consumida por Manaus.


Apesar disso, os planos para erguer projetos com grandes represas - situação que permite o controle da vazão da água por mais tempo, o que significa mais garantia de energia - não foram descartados. A questão agora é saber em que locais essas barragens poderiam ser construídas.


Todos os grandes aproveitamentos hidrelétricos do governo apontam para a região amazônica. Levantamento do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc) sinaliza que, atualmente, há cerca de 30 usinas planejadas ou em fase de construção na região. Nessa lista de projetos, a joia da coroa é São Luiz do Tapajós, a última grande hidrelétrica prevista para ser instalada na área que um dia já pertenceu ao Parque Nacional da Amazônia.


O governo tem enfrentado uma série de dificuldades para realizar os estudos de viabilidade técnica e ambiental de São Luiz, usina estruturada para ter capacidade de 6.133 megawatts. No governo, a expectativa é que, até o início do ano que vem, os estudos estejam prontos e sejam entregues ao Ibama. A previsão é leiloar a construção da hidrelétrica entre o fim de 2014 e início de 2015, meta que dificilmente será cumprida, dada a complexidade do projeto.


O argumento central utilizado pelo governo para levar adiante as novas usinas da Amazônia é de que seus reservatórios não acumulariam grandes volumes de água. As hidrelétricas a "fio d'água", como são conhecidas, aproveitariam a força de vazão dos rios para gerar energia, dispensando a necessidade de se erguer grandes barragens para gerar acúmulo e queda de água.


Na prática, os reservatórios sempre são necessários, seja qual for a engenharia escolhida. A hidrelétrica de Itaipu, com seu lago de 1.350 km 2, é uma usina a fio d'água, só que possui potência de geração de 14 mil MW. Outras hidrelétricas em construção - Jirau e Santo Antônio, em Rondônia, Teles Pires e Belo Monte, no Estado do Pará - também entram nessa categoria, apesar de formarem também grandes lagos.


O Brasil é dono do terceiro maior potencial hidrelétrico do planeta e detém 10% de todo o recurso hídrico mundial, só atrás da China (13%) e da Rússia (12%). Desse total, segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), somente um terço é utilizado até hoje para geração de energia. Os demais 66% estão na Amazônia.


Para viabilizar os empreendimentos, o governo recorreu ao expediente de reduzir, por meio de portarias, unidades de conservação ambiental permanentes. Por lei, essas florestas não poderiam ser afetadas pela inundação de lagos de usinas.


O inventário hidrelétrico e o Plano Decenal de Energia (PDE), documentos do governo que funcionam como bússola para a expansão energética do país, indicam que novas revisões de áreas protegidas terão, inevitavelmente, de ser feitas.


Também terão que ser tomadas medidas em relação aos crescentes conflitos indígenas, por conta da aproximação cada vez maior de terras demarcadas. O Instituto Acende Brasil, especializado no setor elétrico, aponta que, dos 19,6 mil MW de energia hidrelétrica previstos para serem adicionados à matriz energética até 2021, 82% (16.089 MW) interferem em terras indígenas. Nas últimas semanas, o governo tem enfrentado uma série de manifestações para viabilizar as audiências públicas da usina de São Manoel, no rio Teles Pires.


"O que vemos é que o processo de decidir o que fazer não mudou em nada desde Balbina, apesar das mudanças na legislação ambiental. Todos os estudos são feitos depois que a decisão já está tomada. Eles não servem para atestar a viabilidade de algo, mas para ratificar a execução", afirma Philip Fearnside, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

Mais Lidas De Hoje
veja Também
OTC Brasil 2025
SLB destaca protagonismo e compromisso com a inovação, s...
31/10/25
OTC Brasil 2025
MEQ Energy Hub: Impulsionando o Desenvolvimento Empresar...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Foresea é vencedora do 8º Prêmio Melhores Fornecedores P...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 reúne mais de 23 mil pessoas no Rio de J...
31/10/25
Premiação
Empresa baiana atendida pelo Sebrae vence Prêmio Melhore...
31/10/25
Energia Solar
Axial Brasil inicia montagem de trackers solares em usin...
31/10/25
Bacia de Santos
bp avança nos planos para a significativa descoberta de ...
31/10/25
OTC Brasil 2025
Seagems conquista pela quarta vez o Prêmio Melhores Forn...
31/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil conecta potencial da Margem Equatorial a inve...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Nova versão do Painel Dinâmico de Emissões de Gases de E...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Porto do Açu e IKM avançam em parceria para criação do p...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Ambipar participa da OTC Brazil 2025 com foco em soluçõe...
30/10/25
Fenasan 2025
Merax marcou presença na Fenasan 2025 com equipamentos p...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Inteligência Artificial, CCUS e descomissionamento sinal...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Vallourec impulsiona o setor de óleo e gás com tecnologi...
30/10/25
ANP
Seminário debate estudos geoeconômicos do Polígono do Pr...
30/10/25
OTC Brasil 2025
ONIP e Firjan promovem reunião com a Transpetro
30/10/25
OTC Brasil 2025
OTC Brasil 2025 destaca alto potencial energético do paí...
30/10/25
OTC Brasil 2025
Porto do Açu e SISTAC assinam acordo para fornecer servi...
29/10/25
Royalties
Valores referentes à produção de agosto para contratos d...
29/10/25
OTC Brasil 2025
iUP Innovation Connections conecta estratégia de inovaçã...
29/10/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.