BBC
Duas semanas após o anúncio de uma "aliança estratégica" entre Brasil e Venezuela, os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Hugo Chávez voltam a se reunir nesta quarta-feira (02/03), e agora têm um novo convidado: o argentino Néstor Kirchner.
De acordo com o assessor especial de Lula para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, os três presidentes vão discutir no encontro em Montevidéu planos de cooperação na área de infra-estrutura e petróleo.
Kirchner, Chávez e Lula chegaram à capital uruguaia na terça-feira para acompanhar a cerimônia de posse do novo presidente do país, o socialista Tabaré Vázquez, primeiro líder de esquerda na história do Uruguai a ocupar o cargo.
Depois da reunião com os presidentes de Argentina e Venezuela, Lula parte para a cidade uruguaia de Paysandú, onde vai inaugurar, ao lado de Vázquez, uma fábrica de malte da Ambev.
Integração - Os detalhes sobre os assuntos que serão abordados na reunião entre Lula, Chávez e Kirchner não foram revelados, mas Marco Aurélio Garcia disse que o encontro vai "continuar a agenda" iniciada pelos presidente de Brasil e Venezuela no último dia 14 de fevereiro.
Na ocasião, durante visita a Caracas, Lula assinou uma série de acordos de parceria com o governo venezuelano e chegou a dizer que os dois países "nunca estiveram tão próximos como agora".
Os acordos incluíram projetos de cooperação entre e a Petrobras e a PDVSA (a estatal petrolífera venezuelana) na exploração conjunta de áreas, na atuação em outros países e em atividades de refino e petroquímica.
Além disso, Lula e Chávez conversaram sobre a ampliação do comércio de bens e serviços, a integração da infra-estrutura dos dois países e sobre planos de cooperação na área de defesa.
Agora, os líderes de Brasil e Venezuela retomam o diálogo com a partipação de Kirchner, em meio às indicações de uma guinada à esquerda na América Latina após o início do governo de Tabaré Vázquez no Uruguai.
Boa equipe - Na terça-feira, Vázquez assumiu o cargo de novo presidente uruguaio em uma série de cerimônias de grande apelo popular - uma multidão tomou as ruas de Montevidéu para comemorar a posse do líder socialista.
De acordo com autoridades uruguaias, a estimativa é de que mais de 500 mil pessoas saíram às ruas da capital para assistir aos eventos que marcaram a confirmação da transição política no país.
Vázquez iniciou o seu mandato com a retomada das relações bilaterais com Cuba, que estavam suspensas desde 2002, e com o lançamento do Plano de Emergência Social - um projeto para reduzir a "pobreza extrema" no Uruguai em dois anos a um custo de US$ 100 milhões.
Em seu primeiro discurso oficial, o novo presidente uruguaio disse que o seu governo está comprometido com o Mercosul e a integração regional. "O governo quer mais e melhor Mercosul", disse Vázquez.
Ao comentar a mudança de governo no Uruguai, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, disse que "uma boa equipe" de líderes está em formação na América Latina. "Bem-vindo, Tabaré, a essa equipe", afirmou.
"Antes de ideológica, é uma equipe de corrente progressista, transformadora, que tem de estar em sintonia com as necessidades do povo", acrescentou Chávez.
Assim como outros líderes latino-americanos, o presidente venezuelano afirmou ainda que a posse de Tabaré Vázquez marca o início de "uma nova era" na região.
O presidente argentino, Néstor Kirchner, classificou a posse de Vázquez como uma "mudança histórica" e resultado da "plena vigência da soberania popular".
"Uma etapa nova se inicia, em que se busca mais justiça social", disse o presidente do Chile, Ricardo Lagos. "Não tenho dúvidas de que o Uruguai será mais democrático."
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