O porto Itapoá, um dos principais operadores de contêineres em Santa Catarina, vai investir R$ 500 milhões para quadruplicar a capacidade de movimentação até o fim de 2015. A expansão elevará a oferta anual de movimentação de 500 mil Teus (unidade padrão de contêineres de 20 pés) - quase esgotada - para 2 milhões de Teus. "Queremos ser o maior porto do Sul do país", afirma o presidente da empresa, Patrício Junior.
As obras devem começar ainda no terceiro trimestre deste ano. Os acionistas estão definindo a melhor formatação para captar recursos e bancar o investimento. Porto Itapoá é o nome fantasia da empresa Itapoá Terminais Portuários S/A, cujo único negócio, por enquanto, é o empreendimento catarinense.
Os acionistas da Itapoá Terminais são o grupo Battistella, a Aliança Navegação e Logística e a Logz Logística Brasil. O porto é um terminal privado, o qual não teve se submeter a licitação porque a área de instalação era própria. Foi inaugurado e entrou em operação em junho de 2011.
Originalmente, a ideia era aprovar o desenho para 2 milhões de Teus de uma vez e fatiar a obra conforme os volumes de carga crescessem. Mas a empresa não conseguiu o licenciamento para todo o projeto. "Preferimos, então, fazer o terminal inicialmente pequeno porque era mais rápido. Era outro momento. O novo marco regulatório [de 2013] trouxe um pouco mais de segurança jurídica para o investidor e os acionistas aprovaram a expansão", explica Patrício.
A ampliação demanda um novo processo de autorização do governo. O pedido foi protocolado na Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) no fim de 2013. "O Ibama respondeu no seu tempo, a Antaq está com o processo, o sistema está funcionando", afirma Patrício.
O projeto prevê, em sua versão completa, área de 450 mil metros quadrados e berço de atracação com 1.200 metros. Uma nova frota de equipamentos também será adquirida, entre os quais, oito portêineres (guindastes que deslocam o contêiner no cais).
Segundo o executivo, os volumes em Itapoá estão aumentando mais rápido do que se esperava originalmente. Em 2013, o porto escoou 486,7 mil Teus, alta de 70% sobre o exercício anterior.
Mas a configuração do canal de navegação que dá acesso ao porto pode limitar o potencial da expansão. O canal tem uma curva que faz quase 90 graus. Na prática, apenas navios com até 11 metros de calado podem acessar as instalações - apesar de a profundidade do canal ser de 14 metros e a do berço de Itapoá, de 16 metros.
Cada metro em um navio de contêiner de grande porte tem um potencial de carregamento equivalente a US$ 4 milhões em geração de riqueza, calcula Patrício. O valor diz respeito ao pagamento pela movimentação, impostos, valor CIF da carga e valor de venda, entre outros. "Multiplicado pelo número de navios por ano, um metro a menos representa bilhões", diz.
Por isso, a Itapoá Terminais Portuários está investindo na elaboração de um EIA-Rima (estudo e relatório para obtenção de licenciamento ambiental) para apresentar um projeto ao governo que permita "aparar" a curva, aproveitando ao máximo a profundidade de 14 metros. A ideia, contudo, já é apresentar uma proposta de ampliação do o canal para até 16 metros.
Mais do que um concorrente dos portos sulistas pelas cargas do Sul, Centro-Oeste, Sudeste e Mercosul, Itapoá quer suplementar os de Itajaí/Navegantes, São Francisco do Sul (SC), Rio Grande (RS) e TCP (PR). Aposta, assim, em um aumento da transferência de cargas para o formato contêiner.
"O Brasil todo fez 8 milhões de Teus em 2012. É pouco para uma economia que está entre as dez maiores do mundo", diz, citando os portos de Cingapura e Xangai, que movimentam, cada qual, quase 25 milhões de Teus ao ano.
Além do esforço que os terminais de contêineres têm feito em busca dos grãos - usualmente embarcados soltos no porões dos navios -, Itapoá está oferecendo soluções customizadas. A mais recente é a importação de carros nos chamados contêineres reefers (refrigerados), nos quais o Brasil exporta alimentos. Quase sempre esses contêineres voltam vazios. Itapoá propôs à BMW que embarcasse os carros acondicionados nos reefers. "A operação começou em outubro e hoje a BMW já movimenta em torno de 1 mil contêineres por mês", afirma.