Diário do Nordeste
Até o fim deste ano, o Ceará será o maior produtor de energia eólica do Brasil, com cerca de 500 Megawatts instalados. E esse novo filão da economia cearense deve continuar em forte expansão, principalmente com a atual expectativa pelo primeiro leilão exclusivo para esse tipo de energia, a ocorrer em novembro. Empolgado com isso, o setor já projeta uma grande elevação da demanda de mão-de-obra com certa especialização para esse tipo de atividade.
A cadeia de produção de energia eólica é recente no País e envolve muita tecnologia. Com isso, há a necessidade de profissionais em diversas áreas nas indústrias fabricantes de componentes. São engenheiros mecânicos, civis, eletricistas e de produção, além de técnicos em edificação e eletrotécnica, entre outros. Além disso, para a manutenção das torres aerogeradoras são precisos ainda profissionais em telemática e mecatrônica.
E uma vantagem: a grande força do setor está concentrada no Nordeste, especialmente no estados do Ceará e no Rio Grande do Norte, que concentram cerca de 80% dos novos projetos de eólicas no País.
Confiantes
´Nós estamos confiantes que as coisas vão acontecer. Estamos focando no leilão, e esperamos o ´boom´ do mercado´, avalia Ludmilla Campos, gerente-geral da unidade cearense da Wobben Windpower, a primeira fabricante de aerogeradores (turbinas eólicas) de grande porte da América do Sul. Na fábrica instalada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP), são produzidas pás para os aerogeradores — as conhecidas hélices — e as torres de concreto.
Segundo ela, com o crescimento esperado no setor, devem ser instaladas outras indústrias de componentes para energia eólica. Além da Wobben, no Nordeste, ainda existe a Impsa, no Complexo industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco. ´Nós sozinhos não vamos dar conta do mercado brasileiro´, afirma. Há ainda a intenção da alemã Fuhrländer de instalar uma outra indústria como essas no Pecém.
Mercado se abre
´Com isso, o mercado vai se abrir pra quem tiver uma qualificação mínima. Como o mercado é novo, o de aerogeradores e energia eólica, esperamos que em 10 anos já tenha mão-de-obra formada nisso, mas, atualmente, as empresas admitem quem tem uma qualificação mínima. Aqui (na Wobben), nós treinamos todos os funcionários, inclusive os engenheiros, porque é algo muito específico, e eles têm que conhecer máquina por máquina´, explica a gerente-geral.
Ela destaca também está sendo elaborado um projeto de formação de mão-de-obra para o setor envolvendo universidades, o Ifet (Insttuto Federal de Ensino tecnológico) e o governo, através da Adece (Agência de Desenvolvimento Econômico do Estado).
TRAJETÓRIA DE SUCESSO
Nordeste é o novo foco do varejo
A trajetória profissional de Paulo Ângelo Cardillo é um daqueles cases de sucesso, e delineia uma ascensão profissional, nos vários patamares, dentro de um mesmo setor. Dedicado ao varejo há cerca de quatro décadas, ele foi de empacotador à diretor regional do grupo Pão de Açúcar, passando, entre estes extremos, por padeiro, peixeiro, repositor e gerente. Assim, conhece o ramo como ninguém.
Ao assumir a função de diretor, ele teve que tomar uma decisão: mudar-se e levar a sua família de São Paulo, onde foi construindo essa carreira, para Fortaleza. A mudança, segundo ele, não foi tão difícil: ´Eu levei em consideração vários fatores, como a qualidade de vida´. Ele continua: ´Aqui, não tem o mesmo estresse, o trânsito, a violência, e a qualidade de ensino oferecida nas escolas daqui aos meus filhos é melhor, em comparação a São Paulo´, enumera Cardillo. Ele é o exemplo dentro do conceito de carreira tradicional, segundo explica o professor Roberto Pascarella. ´Nesse entendimento, o profissional entra na empresa como contínuo e sai como presidente. Tem aquela escadinha, é a questão da estabilidade´, aponta.
Mas, aqui na capital alencarina, o empresário mudou de empresa, mantendo-se, entretanto, no mesmo ramo.
´Pediram que eu voltasse para São Paulo, mas eu não quis´, explica. Hoje, ele ocupa a função de presidente da SuperRede, que congrega nove empresas supermercadistas, com 47 lojas em 11 municípios cearenses. Segundo Cardillo, Fortaleza tem muito o que crescer nessa área. ´Existem muitas oportunidades de novos negócios, pois, agora, todo o Brasil olha para o Nordeste, que é a
região que mais cresce. Tem muitas multinacionais do varejo vindo para cá´, analisa.
Com esse crescimento no setor, aumentam as oportunidades de emprego. E não é necessário entrar na função de empacotador ou caixa para se obter uma posição de maior confiança dentro da empresa.
´Aqui tem oportunidades de formação para se garantir empregos de gerência e diretoria, não precisa fugir para o Sul e Sudeste para se conseguir esse conhecimento. Aqui não deve nada a ninguém´, garante o empresário.
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