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Clarimundo Flôres Durante debate promovido nesta terça-feira (18/04)pelo Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, o diretor do Centro de Engenharia Naval e Oceânica, Carlos Daher Padovezi, afirmou que o Brasil conta com uma política de financiamento à construção naval adequada, mas carece de uma articulação maior entre os diversos atores que fazem parte desta cadeia produtiva: fabricantes de máquinas, equipamentos, componentes e matérias-primas, além de estaleiros, projetistas e o setor de ciência e tecnologia.
-De certa forma, percebemos que a Transpetro, a partir da licitação, ocupa em parte esse papel indutor dessa atividade no Brasil. O momento também é para repensar a participação mais orgânica do Governo Federal no estímulo ao desenvolvimento da indústria no longo prazo -, disse Padovezi.
Segundo ele, o Governo Federal conseguiu seguir a tendência mundial, que aponta para um incremento cada vez maior do comércio internacional - que vem crescendo, em média, 5,3% ao ano nos últimos 10 anos. Padovezi alertou que o principal desafio é aproveitar este momento e garantir a sustentabilidade do setor naval.
-Isso passa, necessáriamente, pelo estímulo da renovação de toda a frota mercante nacional, incluindo os operadores privados de carga geral e de granéis -, acrescentou.
Para o pesquisador, a maior ameaça à esta retomada é não agir a tempo e deixar passa esta grande oportunidade.
-A competitividade da construção naval depende de ganhos de escala e de aprendizado que aumentam com a produção acumulada. Devemos aproveitar a experiência acumulada nas atividades de construção de plataformas e sistemas offshore para reingressar na produção de navios de grande porte com eficiência e eficácia operacional.
Ele acrescentou que o contexto internacional aponta crescimento na construção naval. Desde 1996 observa-se uma tendência de aumento da carteiras de encomendas de navios no mundo. Em janeiro de 2004, existiam 160 milhões de Dwt em cada estaleiro do mundo. Nos últimos anos, têm sido colocados contratos de mil a 1.200 navios por anos, representando um aumento de 50 milhões Dwt na carteira de encomadas internacional.
Padovezi acredita que os preços iniciais ofertados à Transpetro deverão ser reduzidos durante o processo.
- Eram esperados preços iniciais mais altos que os praticados nos estaleiros internacionais, que estão em plena atividade. A Transpetro possui clara noção de que os preços serão mais elevados no início e deverão cair ao longo do tempo, como o aprendizado organizacional e os ganhos de escala de produção -, disse.
Os pesquisador aposta que, no processo de desenvolvimento da indústria naval, haverá um grande apelo pela reginalização, juntamente com a especialização dos pólos indústriais e a articulação com máquinas e equipamentos.
-A produção de plataformas oceânicas, especialmente as embarcações de apoio à produção de petróleo do mar, induziram uma notável atividade na construção naval brasileira. Hoje, nós temos cerca de 25 mil empregados no setor. Nosso desafio será combinar adequadamente os recursos existentes para produzir navios oceânicos de forma competitiva.
Ele também destacou que as universidades e os institutos de pesquisa têm um papel muito importante em todo esse processo.
- Estamos preparando um plano de capacitação tecnológica das instituições de ensino e pesquisa em engenharia naval. Essa articulação inclui o IPT, a Coppe/UFRJ, a Escola Politécnica e o Cenpes, que é o centro de pesquisas da Petrobras. Nosso entendimento é que a eficiência da indústria naval está intimamente ligada à capacitação tecnológica. Assim, as universidades e institutos de pesquisa têm um importante papel a cumprir no apoio aos projetistas, construtores e fabricantes de máquinas e equipamentos navais.
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