As medidas anunciadas pelo governo ao longo de 2012 para aumentar a competitividade da economia brasileira, como desonerações na folha de pagamentos e redução do preço da energia, podem levar o setor manufatureiro a encerrar 2013 com uma "folga" de 15% a 20% nos custos. De 2001 a 2011, aumentos do custo unitário de produção da energia elétrica, de insumos domésticos não comercializáveis e, principamente, do trabalho fizeram com que produzir no Brasil ficasse 8,5% ao ano mais caro em reais e 12,2% em dólares, por causa da apreciação cambial.
A indústria brasileira de transformação enfrentou uma década de escalada dos custos de produção e passou por profundas alterações desde a crise de 2008, tornando-se menos competitiva e mais "pobre". Na média, a indústria produziu, no terceiro trimestre do ano passado, 3% menos que em igual período de 2008. Na mesma comparação, o volume de vendas no varejo foi 35% maior. Entre os 27 setores pesquisados pelo IBGE, 12 produzem menos hoje do que há quatro anos. Em cinco deles, a produção caiu mais de 15%.
O que realmente cresceu no país nesse período, acompanhando o aumento da população e da renda, foi a produção de bebidas, remédios e perfumaria, únicos setores a registrarem aumentos de produção superiores a 10%. A produção que saiu das fábricas de materiais eletrônicos e de comunicações foi 32% menor que a registrada no mesmo período de 2008, logo antes da crise mundial.
Segundo economistas, a estagnação do setor em 2011 e 2012 vai muito além de uma demanda fraca e indica problemas estruturais a serem resolvidos. A alta do custo dos salários muito acima da produtividade é um dos elementos que explicam a perda de competitividade frente aos concorrentes do exterior. Estudos mostram, contudo, que a indústria não ficou parada vendo os custos subirem e, para compensar, recorreu à importação de insumos.