Valor Econômico
Representantes do setor siderúrgico brasileiro admitiram ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que alguns empresários estão adiando ou reavaliando investimentos previstos para 2009. Em decorrência da crise financeira internacional, o setor sofreu uma redução de 0,2% na produção no ano passado, em comparação a 2007. Segundo o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Siderurgia (IBS), André Gerdau, ainda não há notícias de cancelamentos de investimentos entre as companhias do setor. Mas, para evitar um aumento no número de demissões, muitas empresas estão antecipando as manutenções de equipamentos e férias coletivas.
André Gerdau prefere não projetar números para este ano, afirmando que o setor vem vivendo a crise dia-a-dia. Segundo ele, as grandes siderúrgicas sentiram a queda nas encomendas externas e acredita que o setor poderá sofrer um novo baque com as medidas protecionistas ao setor anunciadas pelo presidente dos EUA, Barack Obama. Mas acredita que o mercado interno brasileiro poderá suprir essas lacunas.
Segundo o empresário, algumas medidas tomadas pelo governo federal no final de 2008 poderão ajudar as siderúrgicas a atravessarem o atual momento de dificuldades. Uma delas foi a redução do IPI no setor automotivo. "Ao aquecer as vendas, a medida permitiu o esvaziamento dos estoques, o que abre espaço para a produção de novos veículos".
Os empresários também gostaram do discurso presidencial de manutenção das obras de infra-estrutura do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). E estão entusiasmados com o pacote da construção civil, que deve ser anunciado por Lula na próxima semana.
Os empresários do IBS querem ainda outras medidas, como a desoneração da folha de pagamentos, a aprovação da reforma tributária e um esforço conjunto dos agentes políticos para um desoneração de outros tributos, como o ICMS, cobrado pelos governos estaduais. "Um discurso que nos agradou bastante foi de que esta crise, cujos efeitos estão chegando com retardo ao Brasil, devem ser enfrentadas por todos em conjunto. Temos que tomar as medidas antes que as coisas piorem", defendeu.
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