Estadão
Os projetos de lei do governo federal com as novas regras para a exploração de petróleo e gás natural no país sofreram uma nova saraivada de críticas nesta terça-feira, 22, na abertura do seminário internacional Rio Pipeline 2009. O ex-presidente da Petrobrás e atual conselheiro do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP) Armando Guedes deu um tom de crítica para seu discurso apesar de ultimamente vir ressaltando a importância de preservar a Petrobrás no novo modelo. "Os projetos afastarão investidores estrangeiros do setor de petróleo e gás no país", disse nesta terça.
A principal crítica de Guedes foi voltada para a criação da nova estatal, que vem sendo chamada de Petro-Sal. "Este é um erro gritante", disse o executivo, lembrando que sem assumir riscos financeiros, esta nova estatal terá participação no comitê de monitoramento das áreas exploratórias, podendo decidir que equipamento comprar, de qual fornecedor, ou mesmo vetando tecnologias ou processos do desenvolvimento de determinadas áreas. Além desta preocupação, destacou, o setor também se preocupa com a manutenção do novo modelo no futuro.
"Se o pré-sal é um projeto de longa duração, sua sustentabilidade estaria associada à capacidade brasileira de criar um ambiente de atratividade de investimentos, fundamentada em responsabilidade política", disse, frisando que as "regras precisam ser claras e duradouras para que os investidores possam se habituar a olhar o país como um bom destino"
Outro ponto atacado durante a cerimônia foi novamente a exclusividade da Petrobrás na operação dos blocos do pré-sal. O IBP, que tem voltado sua artilharia pesada conta esta medida, voltou a se posicionar contra o projeto, hoje na voz do seu secretário geral, Álvaro Teixeira. "A concentração das vendas nas mãos de um único comprador diminui a possibilidade de a indústria local se tornar competitiva internacionalmente", alertou.
Único representante da Petrobrás na abertura do evento - já que a diretora de gás e Energia fará o encerramento na próxima quinta-feira - o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, ficou com a incumbência de destacar o momento "único" que o Brasil vive com as demandas do pré-sal. Para ele, o desenvolvimento da indústria local "não será financiado pela Petrobrás a qualquer custo". "Esperamos competitividade dos nossos fornecedores após uma curva de aprendizado", afirmou, lembrando que os programas de renovação da frota desenvolvidos pela Transpetro estão obtendo preços e prazos próximos aos padrões internacionais.
Segundo o IBP, antes mesmo da demanda do pré-sal, já estavam previstas encomendas de até US$ 8 bilhões em dutos e equipamentos neste segmento para os próximos anos. A expectativa é de que este valor mais do que dobre com as instalações previstas já para o polo de Tupi.
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