Agência Brasil
O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) espera ter, até o fim de maio próximo, um parecer sobre a questão do licenciamento ambiental para a construção da Usina Nuclear Angra 3. Na última semana, o Ibama encerrou uma série de quatro audiências públicas que foram solicitadas pelo Ministério Público Federal (MPF) à Justiça. Elas foram realizadas nos municípios de Angra dos Reis, Paraty e Rio Claro, no estado do Rio, e de Ubatuba, em São Paulo.
O diretor da Área de Licenciamento Ambiental do Ibama, Roberto Messias, informou à Agência Brasil que tudo o que foi dito nas audiências será considerado. “Nós temos 15 dias de prazo para receber todas as novas contribuições e opiniões. E depois vamos fechar o parecer com a área técnica”. Roberto Messias considera prematuro afirmar que o licenciamento ambiental para a usina será concedido. “Hoje, eu não posso dizer. A equipe está analisando e vai considerar tudo à luz do que foi dito nas audiências públicas”.
A coordenadora da campanha antinuclear da Organização Não-Governamental (ONG) ambientalista Greenpeace, Beatriz Carvalho, disse que a opção de energia nuclear não tem viabilidade no Brasil. “A gente sempre foi contra e continua sendo contra”, afirmou, em entrevista à Agência Brasil. Beatriz participou das audiências públicas sobre a Usina Nuclear Angra 3, promovidas na última semana no Rio de Janeiro e São Paulo pelo Ibama. Ela considera que essas audiências são importantes porque representam “o único momento realmente democrático” que o brasileiro tem para discutir se quer ter essa solução energética no país, mas disse que Angra 3 vai contribuir muito pouco para a matriz energética brasileira, em comparação com o potencial energético do país, a partir de outras fontes renováveis, que seriam “seguras e limpas”. O aumento, em termos de fornecimento de energia, seria de apenas 1% na matriz energética, acrescentou.
Ela lembrou que o ponto principal que o Greenpeace debate na questão nuclear está ligado à insegurança, à falta de soluções para o lixo de alta radioatividade e à instabilidade geopolítica “que gera o país que tem a tecnologia nuclear”. Lembrou ainda que o Greenpeace é totalmente contra o uso dessa energia para quaisquer finalidades, a não ser para fazer exames médicos. "Mas, para geração de energia, a gente é contra”.
O vice-presidente da Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (Abdan), Ronaldo Fabrício, descartou o argumento defendido pelos ambientalistas de que a energia nuclear tem custo elevado. Em entrevista à Agência Brasil, ele afirmou que não se pode tomar como exemplo, no caso da Usina Nuclear Angra 3, as usinas anteriores de Angra 1 e 2, porque “elas foram construídas numa época em que você não tinha recursos para tocar o cronograma original”.
Fabrício reconheceu que Angra 3 vai adicionar uma parcela pequena de energia (1%) à matriz brasileira, mas observou que os 1.350 megawatts (MW) que vão ser ser introduzidos quando a usina entrar em operação têm 95% disponibilizados. ”Essa energia pode ser usada em 90% do ano. Essa energia equivale a uma hidrelétrica de 2.500 MW, porque a hidrelétrica gera 50% de disponibilidade, porque ela gera na época molhada e na época seca ela não tem a mesma potência”. Acrescentou que a usina eólica [gerada pelo vento] tem entre 30% e 35% de disponibilidade. Portanto, uma usina como Angra 3 equivaleria a 4 mil MW de uma de energia eólica.
A expectativa de Fabrício é de que após as audiências públicas realizadas na última semana pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), deverá ser concedida a licença ambiental para a construção de Angra 3. Para ele, as audiências são positivas na medida em que servem para mostrar à população que a energia nuclear não é perigosa, é econômica e não polui. "A audiência pública é um excelente instrumento para que a população tome contato com a realidade”.
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