Petróleo
Valor Econômico
Depois de tantas dúvidas em torno da segunda perfuração da Esso no bloco BM-S-22, que vinha sendo considerado um dos "blocos de ouro" do pré-sal da bacia de Santos, a americana Hess informou ontem em Nova York, estados Unidos, que não foi encontrado óleo no poço Guarani. Trata-se do primeiro poço na área em torno do megarreservatório de Tupi, descoberto e operado pela Petrobras, onde ainda não foi feita uma descoberta.
A notícia também contraria afirmações do governo e do próprio presidente da Petrobras de que o pré-sal seria um "bilhete premiado", argumento que vem sendo utilizado para justificar uma mudança do regime exploratório na área, hoje de concessão, para a partilha de produção.
Guarani é o segundo poço no BM-S-22 e vinha sendo perfurado há quatro meses. No início de junho, a Esso, que é a companhia operado, concluiu a perfuração sem nenhuma descoberta e decidiu fazer um desvio no poço para coletar mais informações.
O primeiro sucesso nessa área foi batizado de Azulão e nele a Esso, que é operadora da área, notificou uma descoberta em janeiro. Além da Esso, com 40%, também são sócios da área a Hess (40%) e Petrobras (20%).
Com o fracasso da perfuração do poço Guarani - que informou que fará uma baixa contábil do investimento alocado - a Hess lançará como despesa no balanço do segundo trimestre o dinheiro que foi gasto na área. Caso tivesse tido sucesso, a despesa passaria a ser contabilizada como investimento. Na nota distribuída ontem, a Hess não informa quanto foi gasto, mas o custo médio de um poço no pré-sal de Santos tem girado em torno de US$ 100 milhões a US$ 120 milhões.
Como operadora da área, a Esso confirmou à agência Bloomberg que não encontrou óleo em Guarani. Já a Petrobras, que é minoritária, não comenta resultados desse bloco. Coube à Hess divulgar as informações um pouco mais detalhadas sobre o resultado da última perfuração.
Segundo a empresa a próxima etapa da exploração será analisar a enorme quantidade de dados sísmicos, entre outros, para planejar onde será perfurado o terceiro poço do BM-S-22. Os sócios têm até o início de 2012 para reter a área descoberta ou devolver todo o bloco.
Em junho o banco Credit Suisse divulgou uma série de relatórios a respeito do BM-S-22 onde levantava vários conjecturas sobre a área, que até então era considerada uma das de maior potencial do pré-sal. Uma delas seria sobre a quantidade de gás carbônico abaixo do verificado nos poços perfurados pela Petrobras, o que indicaria menores volumes de petróleo.
Os analistas também chamavam a atenção, na época, para o fato de a Esso ter encontrado óleo em Azulão, o primeiro poço, em um local muito mais profundo, ao contrário do verificado em Tupi, Guará, Iara e Júpiter (todos operados pela Petrobras). Isso reduzia as chances de se encontrar petróleo em volumes tão significativos.
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