A greve de policias federais e fiscais agropecuários que atuam no Porto de Santos ainda não interfere na movimentação de cargas, informou na quinta-feira (9) a Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp). A Polícia Federal (PF) faz operação-padrão no porto, desde as 10 horas, intensificando a fiscalização da tripulação de navios. A inspeção de cargas vegetais e animais feita pelos fiscais, por sua vez, foi reduzida de 1,2 mil para 400 por dia, segundo o Sindicato Nacional dos Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical).
De acordo com a assessoria de comunicação da Codesp, as paralisações podem levar algum tempo para repercutir na operacionalização das embarcações. A companhia informou que, na manhã de quinta, haviam 74 navios fundiados (que aguardam para entrar no porto) e 36 navios atracados, o que é considerado uma situação normal.
Alexandre Santana Sally, presidente do Sindicato dos Servidores Públicos da Polícia Federal de São Paulo (Sindpolf), disse à "Agência Brasil", no início da tarde, que a operação dos policiais federais deve gerar atrasos no atracamento de navios no decorrer do dia. “A fiscalização está começando a provocar atrasos. Isso deve gerar um custo para as empresas, porque quem não consegue atracar na hora prevista pode levar até dias para conseguir um novo horário”, disse.
O Anffa Sindical acredita que a redução do número de inspeções agropecuárias, desde a última segunda-feira (6), já impacta na operação dos navios. “Estamos com 30% da força de trabalho, conforme determina a lei. A greve deve afetar a movimentação de cargas de importação e exportação”, diz Ronaldo Carvalho, secretário-geral da delegacia sindical de São Paulo.
Ronaldo explica que, além da inspeção das cargas de origem animal e vegetal, os fiscais fazem o controle de pragas em madeira vinda do exterior. Neste sentido, a greve pode afetar também a movimentação de contêineres que são revestidos por madeira. “Pode ser que a carga não precise de vistoria, mas o material do contêiner precisa. Isso gera mais atrasos”, diz.
As principais reivindicações dos fiscais agropecuários são a reestruturação da carreira e a contratação de novos servidores por meio de concurso público. “Somos 3.246 fiscais federais no país inteiro. Precisamos de pelo menos mais 1,5 mil para atender a demanda do setor. Com essa força de trabalho, estamos chegando à exaustão”, disse Ronaldo.