A greve da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), iniciada no último dia 16, já causou um prejuízo de aproximadamente US$ 5 milhões ao setor de navegação, calculou o diretor executivo do Sindicato das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José Roque.
Segundo ele, a perda deve-se à morosidade na emissão das livres práticas - documento que autoriza a entrada de navios e passageiros nos portos do país. Com a demora, os cargueiros permanecem mais tempo na Barra de Santos aguardando para atracar no complexo santista.
“No Porto de Santos a Anvisa está trabalhando com menos de 30% do seu plantão. Isso obviamente causa uma lentidão e prejuízo. Ainda assim, mesmo sem contar com a velocidade desejada estamos conseguindo obter as livres práticas” afirmou o diretor.
Até a tarde de terça-feira (25), 87 navios encontravam-se parados na Barra. Já na última segunda-feira (23), eram 81 cargueiros.
Apesar do número elevado, Roque faz questão de salientar que essa fila formada por embarcações pouco tem a ver com a paralisação da Anvisa.
O diretor explica que o período de safra de soja e açúcar trouxe 70 desses navios ao Porto de Santos durante a última semana. “A fila persiste no nosso complexo portuário em decorrência do período de safra, de berços ocupados e do longo período de chuvas”.
Mesmo com todo o contratempo, o diretor garante que o sindicato tem procurado controlar a situação de todas as maneiras. E por enquanto, todas as conversas firmadas antes do início da greve com a Anvisa estão sendo cumpridas.
Tanto que entre a última sexta-feira (20) e terça um total de 90 livres práticas haviam sido expedidas.
“Tem que se destacar o trabalho da controladoria e dos chefes do posto da Anvisa em Santos. Em outros portos do país muitos navios optaram pela mudança de rota, já que a entrada e a posse das livres práticas estavam muito complicadas. Diferente de Santos, que vem cumprindo com tal liberação”.
Greve dos caminhoneiros
Contudo, um novo agravante deve aumentar o transtorno no Porto de Santos. O Movimento União Brasil Caminhoneiros (MUBC) está organizando uma manifestação nacional dos transportadores de cargas para hoje, dia de São Cristóvão, o padroeiro dos motoristas de todas as categorias.
A princípio a paralisação terá duração de 24 horas. Entre as reivindicações da categoria estão questões como os valores dos fretes praticados no País e do cartão-frete, que impede os caminhoneiros de receber em dinheiro ou cheques, e os obrigam a usar cartão em todas as operações.
“Essa paralisação dos caminhoneiros vai nos causar um contratempo ainda maior, pois não vamos receber e tirar nada dos terminais”, explica Roque.