O complexo portuário e industrial de Suape entrou, definitivamente, na agenda de interesse dos gigantes globais. Maior fabricante mundial de guindastes portuários, a Shangay Zhenhua Heavy Industries Company Limited (ZPMC) listou o maior empreendimento pernambucano entre suas prioridades para o curto prazo. Em novembro, executivos da empresa chinesa vão ao Brasil negociar o possível fornecimento de máquinas.
“Suape é muito interessante para nós. Queremos entrar em Pernambuco com empresas brasileiras. Queremos vender e depois entrar investindo”, diz Karenyna Weiss, brasileira que atua como executiva da empresa chinesa. A ZPMC, que já vendeu os chamados portêineres (grandes guindastes usados para retirar os contêineres dos navios) para o Tecon Suape, busca parceria com duas grandes empresas brasileiras: Odebrecht e EBX, do empresário Eike Batista. O encontro entre empresários e técnicos brasileiros com os representantes da gigante asiática foi promovido pela Fecomércio de Pernambuco, que lidera e organiza a missão empresarial do Nordeste do Brasil à China 2010.
Ligada à estatal chinesa CCCC, a fábrica da ZPMC, que tem 60% de capital do governo, impressiona pelo tamanho. Instalada próxima a Xangai, numa área construída de 5 quilômetros quadrados em Changxin Island, a empresa funciona 24 horas, com 20 mil funcionários trabalhando na produção de navios, engrenagens, plataformas marinhas (quase uma por dia), pontes, gasodutos e milhares de outros produtos, sempre utilizando o aço como matéria-prima. “Nossa lógica é construir rápido, aproveitando tudo que o mundo está querendo”, explica Karenyna. A megafábrica da ZPMC foi erguida em 1994, onde antes estava uma plantação de laranjas. Só para se ter uma ideia do caráter superlativo do empreendimento, basta dizer que o braço de construção de navio dos chineses processa por ano 2 milhões de toneladas de aço, 15 vezes mais que o Estaleiro Atlântico Sul, em Suape.
Ao lado de outro executivo da empresa, Richard Zhang, a brasileira recebeu o presidente da Fecomércio, Josias Albuquerque, o superintendente do Sebrae-PE, Nilo Simões, e o coordenador de atendimento ao cliente de Suape, Tony Kuo.
Segundo Tony Kuo, brasileiro de origem taiwanesa que, além de conhecer todos os números de Suape (é coordenador de novos clientes do complexo), também atua como intérprete na missão da Fecomércio, a lógica do investimento da ZPMC tem que ser bilateral e com troca de tecnologia. Devemos, sim, abrir para que ele vendam, mas é importante também que os chineses invistam em infraestrutura no porto pernambucano. Para tal, Kuo lista os argumentos: “Suape tem 15 km de cais, foco em petróleo, gás e indústria naval. Tem tudo a ver com a atividade deles.”