Redação TN Petróleo/Assessoria Firjan
O gás natural, que na natureza se destaca por sua leveza, tem tudo para ser um peso pesado no desenvolvimento do ambiente econômico fluminense, principalmente no pós-pandemia. Afinal, com avanços com a aprovação da chamada Lei do Gás, novo marco do setor, ampliamos nosso potencial de investimentos no estado para R$ 45 bilhões. Isso num contexto em que os investimentos nacionais devem ultrapassar R$ 80 bilhões.
Não por acaso, portanto, o gás natural é um dos quatro pilares do nosso Programa de Retomada da Economia do Estado do Rio de Janeiro em Bases Competitivas, que apresentamos no segundo semestre do ano passado para o governo estadual. Esse grande hub de gás natural significa uma verdadeira revolução não só para o estado do Rio, mas para todo o país.
E os caminhos cada vez mais se abrem para a expansão do gás natural, que vai ganhando papel central em novos projetos de investimento. Além do grande volume de gás em reserva e associado à produção de óleo, na alta produtividade dos campos do pré-sal, por exemplo, esse energético tem papel estratégico na redução das emissões ambientais frente a outras fontes fósseis. Por isso, foi eleito nossa grande oportunidade na transição energética de curto prazo.
Se a diversificação na oferta nacional ainda é um potencial, e a desejada multiplicidade de atores - que pode permitir criação de empregos e renda, capacitação para mão de obra e desenvolvimento local - está em construção, a descentralização do mercado começa a dar sinais de movimento. E esta é a chave para viabilizar ampliação de consumo, o que será possível quando a competição levar ao barateamento da molécula.
Afinal, a tarifa final para o consumidor industrial é 7,4 vezes maior do que o preço na boca do poço. E não custa lembrar que todo o consumo industrial e de Gás Natural Veicular (GNV) no país equivale ao total do volume reinjetado nos poços de petróleo em campos localizados na costa fluminense.
A produção de gás natural no Brasil continuará a aumentar e o estado do Rio de Janeiro manterá sua liderança no crescimento da produção total e líquida nos próximos anos, com a entrada de novos campos produtores.
Vale destacar que a demanda e a ampliação do consumo são os catalisadores para os investimentos que se fazem necessários. No consumo industrial, por exemplo, destacam-se os segmentos de química e petroquímica, vidro, sal, siderurgia.
Mas não é só. Os caminhos estão abertos também para o agronegócio brasileiro, grande importador de fertilizantes, que podem ser produzidos aqui, a partir do gás.
Há ainda outros segmentos de consumo, como a já tradicional geração termoelétrica, responsável por 36% do consumo médio de gás do país no ano de 2020, e o GNV, que consumiu em média 7% da demanda total do país e tem propostas de alcançar novos patamares pela inserção da frota de veículos pesados.
E o potencial de expansão de demanda no Rio, que deve se concretizar neste novo ambiente de negócios, pode levar a um aumento de demanda em até 13 milhões de metros cúbicos por dia, incluindo a retomada da atividade industrial, a implantação de projetos de GNV para veículos pesados e perspectivas de novas plantas industriais.
Os recentes avanços regulatórios e o engajamento de órgãos públicos e de instituições privadas representam o desejo de que o mercado de gás se consolide e transforme o país. E o estado do Rio de Janeiro é o epicentro deste movimento de transformação. Afinal, sendo o maior produtor e com maior volume de reservas, continuará como ponto de partida para a atração de investimentos para ampliação de consumo e aumento da produção nacional do gás.
Isso se dará ao longo do tempo, das construções, algumas já em curso - entre elas a implementação de mudanças previstas em lei, a complementação da lei com medidas infralegais, a adaptação do sistema tributário e o avanço nas regulações estaduais, por exemplo.
Esse avanço precisa ser rápido, com ritmo de produção adequado, para que o Rio de Janeiro possa aproveitar suas vantagens competitivas: maior consumo com agregação de valor, desenvolvimento de novos negócios e absorção de trabalhadores locais, projetos que perdurem por muitos anos à frente, reforçando a certeza de que o Rio tem jeito.
Sobre o autor: Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira é presidente do Sistema Firjan
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