Assessoria Firjan/Redação
Deputado federal por três mandatos, entre 1998 a 2010, o jornalista Fernando Gabeira debateu a crise política com empresários na sede da FIRJAN. Na avaliação de Gabeira, a saída do PMDB do governo levará ao desembarque de outros partidos da base aliada e criar as “bases numéricas e políticas para o impeachment”. Sobre um possível novo governo, o jornalista destacou que ele precisará fazer a transição para outro programa econômico, promover uma reforma política e mudar a política externa. “Temos que nos unir a países com desenvolvimento tecnológico maior”, afirmou, referindo-se aos EUA.
Defensor do impeachment, Gabeira foi questionado sobre a capacidade do vice-presidente Michel Temer (PMDB) fazer diferente do PT e recolocar o Brasil nos trilhos. “Convivi com ele na Câmara dos Deputados, Temer tem uma capacidade de conciliação muito grande. Ele é mais influenciável pela opinião publica que Lula e Dilma. Vai ter que ter muita coragem para montar uma equipe pelo menos à prova de Lava-Jato, com pessoas fora das investigações. É a única maneira de garantir a continuidade”, resumiu Gabeira, que defendeu a montagem de ministério mais técnico e menos político.
Segundo o jornalista, caso Temer assuma a presidência, o ideal seria ele “dizer que não é candidato em 2018. Ele desfaria uma serie de tensões e poderia ficar à vontade para fazer um trabalho de recuperação do Brasil. Não teria um staff dizendo que isso ou aquilo vai fazê-lo perder votos”.
Gabeira discorreu também sobre a tese, defendida pelo PT, que o impeachment é uma tentativa de golpe. “Eles compreenderam que perderam, que não têm mais horizonte. Precisam criar uma mística para a travessia do deserto. Se você renuncia, não tem o que dizer. Dizer que foi golpe, dá uma aura à sua derrota. Estão criando uma narrativa para sobreviver politicamente. Um é o injustiçado, outro, o golpeado”, explicou Gabeira, que afastou qualquer semelhança com 1964.
Economia e desenvolvimento tecnológico
Gabeira destacou a gravíssima crise econômica, com queda na produção industrial de 8,7% em 12 meses, e sérios reflexos no Rio de Janeiro também. Ele defendeu a reforma da previdência e corte de custos no setor público. “O estado brasileiro é um gigante ineficaz”, resumiu.
“Devemos aproveitar o momento para buscar um novo caminho. E isso significa isolar e neutralizar o populismo de esquerda e de direita. O populismo não se preocupa com o país, só a continuidade no poder é fundamental. Não dá para pensar em aumentar em 20% a Bolsa Família, em usar as reservas internacionais para estimular o consumo e a produção. Isso nos levaria à bancarrota. No exterior, ouvem isso e pensam ‘é um pais de desesperados, temos que evitá-los”, afirmou o jornalista.
Uma virada internacional que nos aproxime mais dos EUA é um caminho para ajudar o país a crescer e as empresas, a inovar. “A indústria brasileira, as empresas, precisam, desesperadamente, de tecnologia e inovação. Não vamos achar outro caminho. Temos que partir para uma conversa séria com os EUA: ‘estamos com dificuldade e precisamos de vocês em alta escala’”, apontou Gabeira, que criticou a política externa do Brasil, fechada na América Latina. “Estabelecemos relações com Cuba, Bolívia, Venezuela... são relações de amizade, que não expressam nosso interesse. Nossa política externa não é o reflexo de uma politica nacional, mas partidária”, completou.
O debate com os empresários aconteceu na segunda-feira (28/3), durante a reunião dos conselhos de representantes FIRJAN/CIRJ, na sede do Sistema FIRJAN.
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