Gazeta Mercantil
“A indústria da cana-de-açúcar viveu há anos a época dos fundos de investimento. Agora, o setor atrai investimentos das tradings. A próxima era do setor será a das grandes companhias petrolíferas”, diz Maurílio Biagi Filho, presidente do Grupo Maubisa, que tem participações em usinas em São Paulo e Minas Gerais.
Segundo o empresário, as grandes companhias de petróleo tendem a investir no setor sucroalcooleiro interessadas em reduzir as emissões de carbono. “A cana-de-açúcar é uma das melhores fontes de energia renovável”, afirma.
Durante conferência promovida pela Gazeta Mercantil em Ribeirão Preto, Biagi mostrou a uma plateia de mais de uma centena de empresários, técnicos e especialistas em energia o potencial energético da cana-de-açúcar produzida no Brasil.
De acordo com informações da Agência Internacional de Energia, a cana no Brasil rende em média 8 mil litros de etanol por hectare. A beterraba na União Europeia (UE) produz 5,2 mil litros de álcool por hectare; a cana na Índia, 5,1 mil litros/ha; e o milho nos EUA, 3 mil litros/ha, o mesmo que a mandioca na Tailândia, mas acima dos 2,3 mil litros de etanol por hectare de trigo na União Europeia.
A despeito da crise vivida por alguns grupos do setor, pegos pela crise alavancados em novos investimentos, Biagi aposta no crescimento da produção de cana e derivados.
“Demoramos quase 500 anos para quebrar a barreira de produção de 100 milhões de toneladas de cana, em meados da década de 1970. Agora, a produção aumenta quase 100 milhões de toneladas a cada dois anos”, diz Biagi. Ele prevê uma produção de 950 milhões de toneladas na safra 2018/19, 350 milhões acima dos 600 milhões de toneladas previstos para a safra 2009/10.
Biagi acredita também no crescimento da cogeração de energia através do bagaço da cana. Dados apresentados pelo empresário mostram que nos últimos nove leilões regulares de energia, ocorridos entre 2005 e 2008, foram contratados 15 mil MW médios de energia. Embora a bioeletricidade tenha representado apenas 8,4% do total (ficando 68,3% para a térmica e 23,3% para a hídrica), a maior parte da energia do bagaço da cana foi contratada em 2008. “O governo mostra que tem interesse na bioenergia e tem procurado resolver os obstáculos que ela enfrenta”, afirma.
Afinal, a cogeração de energia por meio do bagaço da cana é considerado um mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) e uma das poucas formas de energia com direito a Créditos de Carbono.
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