Finanças

Fundos Petrobras rendem 383% desde a oferta, há 5 anos

Valor Econômico
22/08/2005 03:00
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Os fundos de privatização da Petrobras completam cinco anos anos neste mês, mas não é de hoje que os investidores - especialmente aqueles que optaram por investir parte do FGTS na compra de ações - têm o que comemorar. Entre 17 de agosto de 2000, data da liquidação da operação, e o último dia 17, as carteiras formadas com recursos do fundo de garantia registraram ganho médio de 383,05%, enquanto as carteiras que receberam recursos livres renderam 198,82%. Os investidores que participaram da oferta pública com recursos do FGTS contaram com um desconto inicial de 20% na compra das ações, o que explica parte da diferença entre os rendimentos das aplicações. Os atuais 135 mil cotistas dos fundos FGTS Petrobras não deixam dúvidas de que a operação foi um sucesso e teve o mérito de aproximar o pequeno investidor do mercado de ações. "E como a Petrobras tem obtido resultados recordes e pago bons dividendos, a aplicação continua interessante como diversificação", diz Marcelo Bonini, diretor de ativos de terceiros da Caixa Econômica Federal (CEF). Os dividendos são parte do lucro da empresa distribuído aos acionistas e que são incorporadas às aplicações. A Caixa é a maior gestora de fundos de privatização, com metade dos R$ 4,2 bilhões do setor. Nem mesmo os investimentos de renda fixa, sempre turbinados por taxas de juros nas alturas, conseguiram bater os fundos Petrobras no período. Desde agosto de 2000, o CDI acumulou o equivalente a 135,8%. A inflação medida pelo Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) também ficou atrás, em alta de 79,85% em igual período. O Ibovespa subiu pouco mais de 60% e o FGTS - remunerado a TR mais 3% - ficou perto de 34%. Pior que isso, só mesmo o dólar. A moeda americana encerrou estes cinco anos com alta de 30%. Até mesmo as ações da Petrobras - que servem de referencial para as carteiras - não conseguiram superar os fundos. Em cinco anos, a ação ordinária (ON, com direito a voto) da companhia registrou alta 284,52%, ou quase 100 pontos percentuais abaixo do ganho médio das carteiras de privatização. A diferença, explica o gerente de renda variável da Caixa, Antonio Delmar do Nascimento, se deve principalmente ao programa de pagamento de dividendos da empresa. Segundo ele, em cinco anos, cada ação recebeu o equivalente a R$ 21,07 em dividendos, geralmente usados pelos gestores para comprar mais ações da Petrobras.
O investidor que se dispôs, por exemplo, a transferir R$ 10 mil do seu FGTS para um fundo Petrobras teria hoje cerca de R$ 48 mil, ou R$ 35 mil a mais do que os R$ 13 mil acumulados no fundo de garantia. Mesmo quem investiu recursos em uma carteira indexada ao IBX-100 - índice que costuma se dar melhor em prazos mais longos - encerrou o período com cerca de R$ 23 mil a menos do que aqueles que optaram pelo fundo de privatização, diz o gerente de fundo de ações da BB DTVM, Rubens Monteiro.
O sucesso dessas aplicações é também grande que, na Caixa e no Banco do Brasil, os fundos de ações da Petrobras que aceitam recursos livres (não provenientes do FGTS) foram reabertos para captação a pedido dos clientes e, diferente das carteiras FGTS, podem receber novas aplicações.
Na Caixa, a carteira tem aplicação mínima de R$ 100,00. No ano, até o dia 18, a captação somava R$ 12,5 milhões, para um patrimônio total de R$ 222 milhões. Em igual período, o fundo de ações referenciado ao Ibovespa sob gestão do banco, que também recebe aplicação mínima de R$ 100,00, perdeu R$ 30 milhões, totalizando R$ 85 milhões. No Banco do Brasil, o fundo de ações da Petrobras foi reaberto em março. De lá para cá, a carteira recebeu R$ 38,5 milhões em depósitos, para um patrimônio de R$ 60 milhões.
Para os gestores, não há sinalização de que os ganhos da companhia se esgotaram. Por isso, a ordem é pensar duas vezes antes de sair do investimento. "A opção do investidor que usou o fundo de garantia é voltar ao FGTS, que paga metade dos juros da poupança", diz Monteiro, da BB DTVM.
A troca, diz ele, só se justificaria se o aplicador planeja comprar um imóvel - uma das hipóteses previstas para saque dos recursos do fundo de garantia - ou se aposentar. "Quem tem muito tempo pela frente para poupar pode deixar seus recursos aplicados em ações de uma das maiores empresas brasileiras, que faz parte de um setor valorizado."
O lucro líquido divulgado pela companhia referente ao segundo trimestre - de R$ 4,930 bilhões - ficou abaixo do esperado pelos analistas, mas as expectativas são positivas e todas as recomendações convergem para a compra do papel. Os analistas não prevêem impacto direto da crise política no desempenho das ações da petrolífera, mas lembram que a atual defasagem dos preços dos derivados só não é maior em razão da valorização do real ante o dólar. Para eles, tanto uma eventual recuperação do dólar frente ao real quanto a manutenção dos preços do petróleo nos níveis atuais forçariam um reajuste.
Na sexta-feira, novas denúncias levaram o dólar a atingir R$ 2,45, em alta de 2,94% - a maior em um único dia desde maio de 2004. O barril de petróleo tipo Brent também fechou em alta, de US$ 1,96, cotado a US$ 64,36.
Se o quadro permanecer assim, é provável que o governo reajuste os preços dos combustíveis, diz Luiz Feliz Cavallari, da Fator Corretora, em relatório divulgado a clientes. Na sexta-feira, a estatal informou que vai reajustar os preços do gás natural brasileiro e boliviano. O gás natural de produção nacional será reajustado em 6,5% a partir de 1º de setembro e em mais 5% a partir de 1º de novembro.
A produção média do segundo semestre deve crescer 8% em relação aos primeiros seis meses do ano, puxada pela alta de 18% da produção do petróleo e pelo fato de a empresa ter se tornado exportadora líquida no segundo trimestre de 2005, entre outros fatores.
Para a equipe da Fator Corretora, o preço alvo das ações ordinárias é R$ 150,00, o que equivale a um potencial de valorização de 9% ante o fechamento de sexta-feira, a R$ 137,50. Vale lembrar que as estimativas levam em conta as projeções de resultados das empresas, mas dependem das condições de mercado e da procura pelo papel.
Na Ágora Senior, o preço alvo das ações PN (sem direito a voto) é de R$ 136,00, potencial de 13,5% de alta ante os R$ 119,80 de sexta. A equipe, no entanto, deve rever as projeções após a revisão do plano estratégico da companhia, previsto para setembro.

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