<P>Os trabalhadores que já estão atuando no corte de aço do Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, cruzaram os braços durante todo o dia de ontem. Salários abaixo do piso da categoria, não-pagamento de horas-extras, condições adversas de trabalho, assédio moral e desvio de função são alguns...
Jornal do Commercio - PEOs trabalhadores que já estão atuando no corte de aço do Estaleiro Atlântico Sul, em Suape, cruzaram os braços durante todo o dia de ontem. Salários abaixo do piso da categoria, não-pagamento de horas-extras, condições adversas de trabalho, assédio moral e desvio de função são alguns dos motivos apontados pelos profissionais para a paralisação. A empresa nega todas as acusações. Segundo estimativas dos coordenadores do movimento, cerca de 95% do quadro de funcionários, quase mil empregados, aderiram à greve, que deve continuar hoje.
O movimento teve início às 6h30, na entrada no Complexo Industrial e Portuário de Suape, com barreiras formadas para impedir o tráfego dos ônibus que levam os trabalhadores até a Ilha de Tatuoca, local do estaleiro. Houve atrito com a Polícia e alguns sindicalistas chegaram a ser algemados e encaminhados à delegacia. Hoje, às 10h, uma comissão dos funcionários se reunirá com representantes do estaleiro para buscar um acordo, no Ministério Público do Trabalho em Pernambuco (MPT-PE).
Entretanto, mesmo com a mediação agendada, os trabalhadores vão manter a paralisação. A principal queixa, de acordo com o dirigente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Pernambuco, Moacir Silveira, é a questão salarial.
De acordo com a convenção coletiva da categoria, firmada em setembro do ano passado, o piso para profissionais de metalurgia que trabalham em empresas com mais de 150 funcionários é de R$ 650. No Atlântico Sul o maior salário é de R$ 520, além de que, grande parte dos novos empregados recebe apenas R$ 469.
Diante desse cenário a decepção é grande para muitos que deixaram empregos em repartições públicas, onde recebiam cerca de R$ 1.200, enfrentaram processos seletivos, realizaram reforços escolares e cursos profissionalizantes para abraçar o sonho do estaleiro.
Dezenas de funcionários denunciaram ainda que estão sem receber horas-extras. Desde que o estaleiro começou o processamento das chapas de aço, há expediente aos sábados e domingos, além de uma hora a mais nas sextas-feiras. Outra queixa é a falta de um auxílio-insalubridade. Sobram reclamações quanto às condições de trabalho dos soldadores, que alegam não terem material de proteção de boa qualidade, provocando ferimentos constantes no dia-a-dia do trabalho.
OUTRO LADO
Através de uma nota oficial enviada por sua assessoria de imprensa o Estaleiro Atlântico Sul repudiou o movimento. “A empresa foi surpreendida por uma paralisação sem que tivesse ocorrido a comunicação prévia de qualquer reivindicação ou que tenha sido pleiteado o início de um processo negocial”. O documento afirmou ainda que todos os pleitos, acordos e convenções são cumpridos.
E mais: “a empresa não permitirá que atos covardes, desrespeitosos e abomináveis, como os registrados nessa segunda-feira, impeçam seus funcionários de ter acesso ao seu local de trabalho contra a sua própria vontade”, finalizou a nota.
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