Jornal do Commercio
A demanda pela emissão de US$ 1 bilhão da Eletrobrás foi cinco vezes maior e a empresa só não aumentou a captação pela limitação imposta em seu estatuto, pelo qual precisa de autorização do Tesouro Nacional para emitir dívida, informou o diretor financeiro da estatal, Astrogildo Quental. Em plena luta para conseguir o mesmo benefício da Petrobras e ser retirada dos cálculos do superávit primário do governo, a Eletrobrás mostrou que pelo menos em atração do investidor pode fazer papel semelhante.
"Poderíamos fácil, fácil, ter conseguido uns US$ 1,5 a US$ 2 bilhões, mas teríamos que ter nova autorização", disse Quental, de Nova York, na sexta-feira, após o fechamento da operação.
O bônus, com vencimento em 30 de julho de 2019, saiu a 99,112% do valor de face, com yield (retorno) para o investidor de 7%. O cupom ficou em 6,875%."Dentro da situação atual do mercado consideramos muito positivo o que conseguimos", disse Quental, que antes da emissão fez road show na Europa (Londres) e Estados Unidos.
O mercado norte-americano ficou com a maior fatia da captação, cerca de 60%, enquanto a Europa abocanhou 30% e a Ásia, "onde nem fizemos road show", ficou com os 10% restantes, disse.
A empresa não pensa no entanto em voltar ao mercado este ano, já que esgotou a necessidade de captação dentro de um programa que previa captar R$ 2 bilhões este ano.
O plano de investimentos da companhia - de R$ 30 bilhões até 2012 - prevê captações em torno dos R$ 2,5 a R$ 3 bilhões anuais, mas, segundo Quental, este ano haverá menos necessidade de captação porque o bom desempenho das subsidiárias da Eletrobrás tem ajudado o caixa.
ITAIPU. De acordo com o diretor de Relações com Investidores, Arlindo Castanheira, a Eletrobrás tem preferência por captar em dólar porque serve de hedge para a dívida da usina hidrelétrica de Itaipu, hoje em torno dos US$ 18,7 bilhões. "Como temos recebíveis de Itaipu, a emissão em dólar é um hedge natural", explicou Castanheira.
Sobre a possível mudança na metodologia da venda da parte paraguaia da energia de Itaipu, o executivo explicou que a Eletrobrás funciona apenas como uma comercializadora e não ganha nem perde nada com a operação.
"Essa atividade é neutra para nós, a gente só repassa", explicou.
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