Política

Financiamento do BNDES em porto uruguaio preocupa ABTP

Empreendimento está avaliado em US$ 500 milhões.

A Tribuna
27/02/2014 16:39
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O escoamento da safra agrícola, que começa a se intensificar, não é a única preocupação dos terminais portuários das regiões Sul e Sudeste. Notícias sobre o financiamento de um novo porto uruguaio pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) fizeram com que representantes da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) e da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec) pedissem explicações ao ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira.
O encontro entre diretores das duas entidades e o titular da Secretaria de Portos (SEP) aconteceu no início do mês, em Brasília. A reunião foi motivada por notícias veiculadas pela imprensa nacional e internacional sobre o financiamento das obras de um porto a ser erguido em Rocha, no Uruguai.
A implantação do complexo de águas profundas é avaliada em US$ 500 milhões, segundo a imprensa uruguaia. Cerca de 80% deste valor devem ser financiados pelo Brasil através do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). A cidade de Rocha fica a 210 quilômetros de distância de Montevidéu, a capital do país.
De acordo com agências de notícias uruguaias, o futuro porto de Rocha poderá receber embarcações de até 160 mil toneladas. Ele será construído em etapas e, por sua localização geográfica e seu calado natural de 20 metros, coloca-se como ponto de embarque de minérios e grãos de países vizinhos a custos menores.
Preocupados com uma possível concorrência entre o novo complexo e os portos da região Sul, os representantes das associações expressaram indignação com os planos de financiamento pelo BNDES.
“O Uruguai tem direito a ter novos portos e esse não é o problema. O fato é que nós não podemos financiar um concorrente, enquanto temos grandes carências em acessos terrestres e aquaviários e na infraestrutura portuária”, destacou o presidente da ABTP, Wilen Manteli.
Para o executivo, os portos de Rio Grande (RS), Itajaí (SC), Imbituba (SC), São Francisco do Sul (SC) e Paranaguá (PR) serão os mais afetados com a implantação do complexo de águas profundas uruguaio. E, dependendo da capacidade de movimentação e armazenagem de cargas, os reflexos poderão ser sentidos em Santos.
“Ainda não sabemos nada sobre o projeto e nem mesmo se ele é verídico e se o governo brasileiro tem essa ideia. Mas esse novo porto pode se tornar um hub port (porto concentrador de cargas e de linhas de navegação) e prejudicar os negócios que já existem no Brasil”, afirmou o presidente da ABTP.
Para Manteli, caso Brasília decida financiar um porto tão próximo ao Brasil, todo os esforços pelo desenvolvimento do setor portuário não surtirão efeito. “Isso vai na contramão do que o Governo tanto pregou durante todo o ano passado, quando elaborou um novo marco regulatório para atrair investimentos para os portos brasileiros. E por que agora financiar um porto no Uruguai?”.
Assunto recorrente
Notícias sobre o financiamento brasileiro de um porto uruguaio não são de hoje. Em 2010, durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a hipótese já era cogitada.
Em 2012, já no Governo Dilma Rousseff, o assunto voltou à tona, mas não avançou. Agora, no início do ano, a mídia uruguaia voltou a abordar o tema após o presidente uruguaio, José Mujica, afirmar que o Brasil arcará com 80% do novo porto.
De acordo com Manteli, durante a reunião na SEP, o ministro dos Portos afirmou não ter conhecimento sobre os planos de financiamento do porto em Rocha.
No entanto, ele se comprometeu a apurar a informação e transmiti-la às entidades.
“O ministro dos Portos precisa ser e é o nosso maior defensor. Por isso, resolvemos recorrer a ele para saber exatamente o que está acontecendo. Temos esse direito. Ele ficou de verificar a veracidade da informação e nos comunicar”, explicou o presidente da ABTP.
Procurada, a Secretaria de Portos (SEP) não se manifestou sobre o assunto. Já a Abratec confirmou a participação da reunião com o ministro, mas preferiu não entrar em detalhes sobre o encontro.

O escoamento da safra agrícola, que começa a se intensificar, não é a única preocupação dos terminais portuários das regiões Sul e Sudeste. Notícias sobre o financiamento de um novo porto uruguaio pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES) fizeram com que representantes da Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP) e da Associação Brasileira dos Terminais de Contêineres de Uso Público (Abratec) pedissem explicações ao ministro dos Portos, Antonio Henrique Silveira.

O encontro entre diretores das duas entidades e o titular da Secretaria de Portos (SEP) aconteceu no início do mês, em Brasília. A reunião foi motivada por notícias veiculadas pela imprensa nacional e internacional sobre o financiamento das obras de um porto a ser erguido em Rocha, no Uruguai.

A implantação do complexo de águas profundas é avaliada em US$ 500 milhões, segundo a imprensa uruguaia. Cerca de 80% deste valor devem ser financiados pelo Brasil através do Fundo de Convergência Estrutural do Mercosul (Focem). A cidade de Rocha fica a 210 quilômetros de distância de Montevidéu, a capital do país.

De acordo com agências de notícias uruguaias, o futuro porto de Rocha poderá receber embarcações de até 160 mil toneladas. Ele será construído em etapas e, por sua localização geográfica e seu calado natural de 20 metros, coloca-se como ponto de embarque de minérios e grãos de países vizinhos a custos menores.

Preocupados com uma possível concorrência entre o novo complexo e os portos da região Sul, os representantes das associações expressaram indignação com os planos de financiamento pelo BNDES.

“O Uruguai tem direito a ter novos portos e esse não é o problema. O fato é que nós não podemos financiar um concorrente, enquanto temos grandes carências em acessos terrestres e aquaviários e na infraestrutura portuária”, destacou o presidente da ABTP, Wilen Manteli.

Para o executivo, os portos de Rio Grande (RS), Itajaí (SC), Imbituba (SC), São Francisco do Sul (SC) e Paranaguá (PR) serão os mais afetados com a implantação do complexo de águas profundas uruguaio. E, dependendo da capacidade de movimentação e armazenagem de cargas, os reflexos poderão ser sentidos em Santos.

“Ainda não sabemos nada sobre o projeto e nem mesmo se ele é verídico e se o governo brasileiro tem essa ideia. Mas esse novo porto pode se tornar um hub port (porto concentrador de cargas e de linhas de navegação) e prejudicar os negócios que já existem no Brasil”, afirmou o presidente da ABTP.

Para Manteli, caso Brasília decida financiar um porto tão próximo ao Brasil, todo os esforços pelo desenvolvimento do setor portuário não surtirão efeito. “Isso vai na contramão do que o Governo tanto pregou durante todo o ano passado, quando elaborou um novo marco regulatório para atrair investimentos para os portos brasileiros. E por que agora financiar um porto no Uruguai?”


Assunto recorrente

Notícias sobre o financiamento brasileiro de um porto uruguaio não são de hoje. Em 2010, durante a gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a hipótese já era cogitada.

Em 2012, já no Governo Dilma Rousseff, o assunto voltou à tona, mas não avançou. Agora, no início do ano, a mídia uruguaia voltou a abordar o tema após o presidente uruguaio, José Mujica, afirmar que o Brasil arcará com 80% do novo porto.

De acordo com Manteli, durante a reunião na SEP, o ministro dos Portos afirmou não ter conhecimento sobre os planos de financiamento do porto em Rocha.

No entanto, ele se comprometeu a apurar a informação e transmiti-la às entidades.

“O ministro dos Portos precisa ser e é o nosso maior defensor. Por isso, resolvemos recorrer a ele para saber exatamente o que está acontecendo. Temos esse direito. Ele ficou de verificar a veracidade da informação e nos comunicar”, explicou o presidente da ABTP.

Procurada, a Secretaria de Portos (SEP) não se manifestou sobre o assunto. Já a Abratec confirmou a participação da reunião com o ministro, mas preferiu não entrar em detalhes sobre o encontro.

 

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