Redação/Agência Brasil/Fiesp
Representantes das centrais sindicais, com exceção da Central Única dos Trabalhadores (CUT), reuniram-se no início da tarde de hoje (22) em um almoço com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf. O objetivo era discutir propostas para geração de emprego e retomada econômica do país. As propostas deverão ser apresentadas depois ao presidente da República Michel Temer, em reunião agendada para o dia 12 de setembro no Palácio do Planalto.
Após a reunião, em entrevista a jornalistas, representantes das centrais e o presidente da Fiesp disseram que, entre as propostas, estão a retomada das obras públicas paradas, a destinação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para investimentos produtivos, a redução da taxa de juros e o aumento das parcelas do seguro-desemprego de cinco para sete meses.
“Tem alguns pontos que estão sendo elaborados e discutidos. Um deles é o crédito, que é fundamental. Nós trabalhadores somos favoráveis, inclusive, a que se utilizem recursos do BNDES em contrapartida. Não adianta a empresa pegar recurso [do BNDES] para utilizar na empresa para automatizar e dispensar os trabalhadores. Precisamos construir um projeto onde haja responsabilidade de toda a sociedade para que possamos superar essa adversidade que temos hoje”, disse Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT).
Segundo o presidente da Fiesp, as centrais e a federação buscaram “pontos convergentes” para ajudar o país a retomar o crescimento. “Em curto prazo, existem medidas emergenciais que passam pelo destravamento de crédito, o andar de obras paradas e o seguro-desemprego, que passaria para sete meses para dar um fôlego maior”, afirmou Skaf. “O Brasil está dando sinais positivos na economia. O momento agora é de jogar um catalisador nisso, acelerar esse processo de retomada do crescimento”, acrescentou.
Lava-Jato
Um dos pontos principais discutidos pelas centrais e a Fiesp foi a retomada de obras públicas no país. “Tem centenas de obras paralisadas. É preciso que elas tenham sequência porque isso gera emprego”, falou Patah. João Carlos Gonçalves, o Juruna, secretário-geral da Força Sindical, defende que sejam firmados acordos de leniência com as as empresas investigadas pela Lava-Jato para retomada das obras. “Temos uma pauta parada em função da Lava-Jato, que é positiva, mas é também importante pensar nos 14 milhões de desempregados e nas empresas que estão fechando e na queda de renda no país”, falou ele.
Juruna ressaltou que muitas empresas na área da construção civil estão fechando ou parando a produção em função da operação. "É importante que tenha um debate no Congresso Nacional e também com o Judiciário para que haja acordos de leniência para retomada da produção e o emprego”, ressaltou. “A Lava Jato está prejudicando nosso país porque está desempregando e não está propondo soluções. Existem soluções em outros países, como os acordos de leniência”, defendeu Juruna, citando como exemplo os Estados Unidos.
No entanto, Skaf disse que a Operação Lava Jato não foi tratada na reunião, nem mesmo a questão dos acordos de leniência. “O que precisa é destravar. Obras públicas paradas vão se deteriorando. Quando você retomá-la, vai gastar tudo de novo para recuperar o que se perdeu. Você deixa de empregar e deixa de gerar o resultado dessa obra para o país. Se vai ser a mesma empresa ou outra nessa obra, o que não pode e não interessa ao Brasil é estar com centenas de obras paralisadas em todos os cantos do país”, falou.
Segundo Juruna, além da Força Sindical e da UGT, participaram da reunião também representantes da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Nova Central Sindical de Trabalhadores e Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB).
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