A Ferrous Resources do Brasil, mineradora com sede em Belo Horizonte (MG), vai investir US$ 30 milhões na construção de um terminal de embarque e modal ferroviário para carregamento inicial próprio e de terceiros de 8 milhões de toneladas de minério de ferro em vagões da ferrovia MRS para escoar o produto pelos portos de Sepetiba e Itaguaí, no litoral fluminense. Ontem (31), a companhia recebeu a licença de instalação (LI) do empreendimento e a licença de operação da mina Santanense, uma das cinco que a empresa possui. Segundo Mozart Litwinski, presidente da Ferrous, a obra do terminal deve ficar pronta até novembro.
O pátio com silos vai ser instalado junto a mina de Viga, da Ferrous, em Congonhas, ao lado da mina de Casa de Pedra da CSN e da ferrovia da MRS. A obra vai requerer a construção de um pequeno ramal ferroviário com pouco mais de dois quilômetros para conectar o terminal aos vagões da MRS. Isto vai permitir a empresa escoar o minério de ferro do tipo sinter-feed - um tipo de minério concentrado, que não pode ser transportado por mineroduto - até o porto de Sepetiba, da Vale.
Este ano, a Ferrous deve comercializar 2,5 milhões de toneladas de minério, das quais 1 milhão será vendido no mercado interno enquanto o restante 1,5 milhão de toneladas de sinter-feed serão exportadas para a China. A Ferrous ganhou em 2011 licitação para embarcar 750 mil toneladas de sinter-feed por semestre pelo porto da Vale, pagando US$ 28 por tonelada embarcada.
A exportação de minério garante receita à companhia de pelo menos US$ 250 milhões, informou Litwinski. Segundo ele, a venda de minério para o mercado interno também está sendo um bom negócio para a Ferrous. O preço do minério "na boca da mina" está sendo vendido entre US$ 75 a US$ 100 a tonelada, ante US$ 50 a US$ 60 a tonelada há um ano e meio atrás. Ele atribui a alta à forte demanda pelo produto.
"O minério no mercado nacional é consumido por quem está comprando para exportação", informou. Entre as clientes da Ferrous está a Namisa, uma mineradora onde a CSN é sócia, com 60% do capital, de um grupo de empresas japonesas e da Coreia.
Litwinski disse que a Ferrous vai fechar o ano com uma capacidade instalada de 4 milhões de toneladas anuais. Para 2012, a expectativa é vender 6 milhões de toneladas de minério e alcançar capacidade instalada de 8 milhões de toneladas anuais. A meta da Ferrous é produzir 25 milhões de toneladas até o final de 2014.
Este ano, a empresa já conseguiu a licença de instalação da mina de Viga, a mais importante dentre as cinco que possui no quadrilátero ferrífero, e ontem, recebeu licença de operação para a mina Santanense, no município de Itatiaiuçu, na Serra Azul, área do quadrilátero ferrífero de Minas Gerais. A mina tem capacidade total de 105 milhões de toneladas (produção bruta lavrada). A produção da Santanense completa a das minas de Esperança e Viga.
O presidente da mineradora adiantou que até setembro deve anunciar o nome do sócio estratégico da Ferrous. Este processo, iniciado este ano, está a cargo do Deustche Bank.
Litwinski informou que a companhia tem US$ 300 milhões em caixa. "Estamos gastando só com investimentos fundamentais, como o terminal e licenças ambientais. Também temos faturado com a venda de minério. "Nossa estratégia é a de não acelerar os investimentos enquanto não entrar o novo sócio", declarou. O plano de investimento total da Ferrous é de US$ 3,7 bilhões.