A Tribuna, 15/10/2018
As exportações brasileiras de café cresceram 24% no mês passado, em relação ao mesmo período do ano anterior, com a movimentação de 3 milhões de sacas de 60 quilos do produto. Mas esse volume poderia ter sido maior, uma vez que exportadores deixaram de embarcar mais de 10% da carga por falta de espaço em navios.
O Porto de Santos continua ocupando a posição de liderança, com um aumento no volume de sacas embarcadas, embora tenha reduzido sua participação nos embarques nacionais da commodity.
Nos primeiros nove meses de 2017, o complexo portuário santista foi responsável por 85,2% da movimentação. No mesmo período deste ano, passou para 82,1%, o que equivale a 19,4 milhões de sacas de café. Os dados fazem parte do balanço do Conselho dos Exportadores de Café (Cecafé), divulgado pela entidade empresarial nesta quarta-feira (10).
O dado que mais preocupa a entidade é a dificuldade de conseguir agendamento nas embarcações que vão para o exterior. “Em setembro, deixamos de embarcar entre 10% e 15% de mercadoria devido à falta de contêineres e espaço em navios”, explicou o presidente do Cecafé, Nelson Carvalhaes.
O empresário atribuiu a redução da importação no País à diminuição de linhas marítimas disponíveis para a exportação. Outro fator destacado pelo representante do Cecafé é a concorrência do café com outros tipos de cargas que têm maior valor de comércio para os operadores.
Para resolver essa questão, a entidade vem conversando com a Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para normalizar o fluxo da exportação de café do País. “Até agora, não tivemos posição deles. Uma pena, pois nós fizemos a nossa parte, mas esbarramos no problema de logística”, questiona.
“Esse é um problema muito sério, que atrapalha a logística e afeta o capital de giro das empresas”, avalia o coordenador da Câmara Setorial de Exportadores de Café, da Associação Comercial de Santos (ACS), Moacir Delfim Leite Soares, que espera que a situação tenha uma melhora a partir do próximo mês.
Já quanto à queda da participação do cais santista na exportação do café, Soares pondera que já era um movimento esperado devido ao aumento da produção do café do tipo robusta, que acontece em Rondônia, Bahia e norte do Espírito Santo. “Pela proximidade e pelo custo do frete, esse produto tem sido escoado por Vitória e Rio de Janeiro”, avalia. No acumulado até setembro, o robusta apresentou crescimento de 782,6%, comparado com o mesmo período do ano passado.
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