Nos primeiros três meses do ano, as vendas aos Estados Unidos diminuíram o déficit comercial brasileiro com o país e se aproximaram do valor gerado com as exportações para a China, principal parceiro comercial do país. O resultado foi fruto da maior procura dos americanos por petróleo bruto, ferro e aeronaves. Os três produtos somaram US$ 3,3 bilhões no período, montante 106% maior do que o registrado nos três meses iniciais de 2011, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic).
Enquanto as exportações brasileiras aos Estados Unidos aumentaram 41% no período, chegando a US$ 6,9 bilhões, as importações cresceram em um ritmo menor, 7,1%, na comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Entretanto, o saldo com os americanos continua deficitário, já que as compras brasileiras ficaram em cerca de US$ 7,6 bilhões.
Máquinas, aparelhos e materiais mecânicos e elétricos, e produtos originados do refino do petróleo, são os mais demandados pelos americanos.
Com o crescimento, os Estados Unidos ganharam importância na balança comercial brasileira neste início de ano. Se no primeiro trimestre do ano passado as exportações representavam 9,5% do total, agora elas são responsáveis por 12,5%.
O resultado desse primeiro trimestre diminuiu a distância entre a China e os Estados Unidos. Os chineses compraram mais, US$ 7,8 bilhões. O crescimento das vendas brasileiras para a China foi de 10,5% no trimestre. No mesmo período, as exportações brasileiras, em geral, aumentaram 7,5%, em relação ao primeiro trimestre do ano passado.
A intenção do governo Barack Obama em diversificar as fontes de matéria-prima fez com que, pelo menos no primeiro trimestre deste ano, as previsões para o comércio bilateral com os Estados Unidos para 2012 não se cumprissem. O cenário de baixo crescimento da economia americana de um lado, e a expansão do mercado doméstico brasileiro, do outro, apontavam para um aumento do déficit com o país para cerca de US$ 10 bilhões, de acordo com estimativa à época da Câmara de Comércio Americana (Amcham). Até o fim de março, contudo, a diferença era de US$ 744 milhões.
De acordo com José Augusto de Castro, presidente em exercício da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), o cenário do fim do ano passado das duas economias se mantém. A mudança ocorreu em virtude de uma decisão dos Estados Unidos de diminuir o superávit americano no comércio com o Brasil.
"Eles precisam comprar petróleo de qualquer maneira, então procuraram consumir mais do Brasil. É uma estratégia para evitar uma eventual reclamação brasileira no comércio bilateral e continuar incrementando o comércio, com mais espaço para os produtos deles", diz.
No primeiro trimestre do ano passado, as vendas de petróleo bruto somaram US$ 914 milhões. No mesmo período deste ano, o montante subiu para US$ 1,9 bilhão. "O Brasil, tradicionalmente, tem superávit na balança com os Estados Unidos. Isso mudou a partir de 2009. A tendência agora é de mais equilíbrio no comércio", completou.