A possível queda de Muammar Kadhafi pode significar a retomada dos negócios do Brasil com a Líbia. Desde o início dos conflitos, as exportações para o país já caíram mais de 60%.
Diante da bandeira dos rebeldes, os 12 líbios que ocuparam a embaixada em Brasília esperam pela queda do ditador. O governo brasileiro informou que acompanha de perto a situação em Trípoli e que ainda não tem um posicionamento oficial.
Na economia, a expectativa é que um novo governo signifique a retomada de negócios parados há quatro meses. Construtoras brasileiras esperam terminar obras bilionárias.
Com poucos navios dispostos a levar a carga, sem correios para entregar documentos e, principalmente, sem garantia de pagamento, produtos do dia a dia como carne, café, suco de laranja e até biscoitos praticamente não saem dos portos brasileiros em direção a Trípoli ou Benghazi.
Os operadores de uma exportadora ficaram surpresos. Mesmo depois que as refinarias controladas pelo governo fecharam e pararam de comprar açúcar brasileiro, as vendas para Líbia aumentaram 65%.
“Negócio é negócio. De uma forma ou de outra eles precisam sobreviver. Os atacadistas, o varejo em si, resolveu ir direto ao fornecedor que somos nós aqui no Brasil”, explica o diretor de empresa, Marcelo Burckauser.
O exportador de carne bovina espera que, sem Kadhafi, os negócios fiquem até melhores do que antes. “O povo está precisando de carne. O mercado vai voltar imediatamente após a queda”, fala o diretor de exportação, Rogério Bonatto.
Ainda que seja importante para alguns setores, a Líbia não aparece entre os maiores parceiros comerciais do Brasil. Muammar Kadhafi, no entanto, é um velho conhecido dos brasileiros.
Certamente por ironia, no auge da fama de patrocinador do terrorismo - nos anos 80 e 90 o rosto do ditador líbio era frequentemente estampado em máscaras de carnaval. E agora, que ele subiu na corda bamba, virou um dos temas preferidos na internet brasileira.
"A casa está caindo, ou melhor, o palácio está caindo pro Kadhafi", disse um internauta. Entre muita ironia e comentários hostis, o ditador passou o dia inteiro entre os assuntos mais comentados.