Depois de ter autorizada pelos órgãos reguladores a venda de 50% de suas ações, o Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP) planeja investir R$ 170 milhões em um ano e meio para dobrar sua capacidade anual de movimentação. A quantia está dividida entre aquisição de equipamentos (como guindastes), que demandarão R$ 50 milhões, e investimentos para obras de construção do terceiro berço de atracação de navios, com orçamento de R$ 120 milhões.
Os gestores do TCP trabalham com duas etapas para a expansão. A primeira tem como prazo o fim do ano, quando o TCP quer transformar os atuais 700 mil TEUs (unidade padrão de medição de contêineres de 20 pés) movimentados anualmente para 1,2 milhão de TEUs em 2011. Isso será possível, de acordo com os gestores, graças à entrada em operação, em janeiro, de um quarto guindaste, que possibilitou um aumento de produtividade de aproximadamente 20% em comparação com 2010. Além disso, foi realizada a compra de dois portêineres pós-panamax (guindastes aptos a operar em navios de grande porte) e empilhadeiras, que têm entrega prevista pra outubro.
A segunda e mais cara etapa para o crescimento da movimentação é a construção do terceiro berço. O cais terá uma extensão de 315 metros e têm previsão de início de obras para o segundo semestre de 2011. A meta é elevar a capacidade para 1,5 milhão de TEUs no início de 2013. Somadas aos investimentos, quatro novas linhas entrarão em operação em julho para Europa, Ásia, Golfo do México e Costa Leste dos Estados Unidos, fazendo o TCP contar com 20 linhas logísticas. "Hoje, cerca de 20% a 30% das cargas de importadores e exportadores que naturalmente usariam o Porto de Paranaguá desviam sua movimentação para outros portos, como o de Santos. Com os investimentos, esperamos atender de maneira plena esses clientes", diz Juarez Moraes e Silva, diretor superintendente do TCP.
Os novos investimentos no terminal foram reforçados pela gestora de fundos Advent International, que comprou metade do TCP e ficará entre sete e dez anos na operação - segundo o sócio e um dos diretores da Advent, Luiz Antonio Alves, que assumirá o cargo de diretor financeiro do terminal. Com o Lapef V, um dos dois fundos da gestora voltados para a América Latina, pretende-se aplicar R$ 1,65 bilhão no continente - metade disso no Brasil (além de infraestrutura, também no segmento de serviços). "A aquisição de 50% do TCP foi o primeiro investimento desse fundo", diz. Ele não revela o valor da compra alegando exigências contratuais. Nos bastidores especula-se o valor de aproximadamente R$ 800 milhões. Entre os outros acionistas do TCP estão Galigrain, Soifer e Grup Maritim TCB.
Segundo Alves, a Advent está sondando possíveis negócios relacionados ao anúncio do governo federal em conceder autorizações para construção de 45 novos portos privados no país. "Temos interesse em outros portos, inclusive com aquisições", ressalta. Além disso, o portfólio da Advent inclui a Latin American Airport Holdings, com concessões aeroportuárias pelo continente. "Sim, temos interesse nas concessões brasileiras nesse segmento", diz, sem revelar detalhes.