Rio Pipeline 2009

Etanol: ineficiência do transporte pode travar desenvolvimento

O consumo de etanol está crescendo no país e hoje já representa 17% da matriz energética brasileira, mas este desenvolvimento pode estar ameaçado por um gargalo enfrentado atualmente pelo setor canavieiro: a interiorização da produção de cana-de-açúcar, que tem se expandido cada vez mais

Redação
24/09/2009 12:48
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O consumo de etanol está crescendo no país e hoje já representa 17% da matriz energética brasileira, mas este desenvolvimento pode estar ameaçado por um gargalo enfrentado atualmente pelo setor canavieiro: a interiorização da produção de cana-de-açúcar, que tem se expandido cada vez mais para o Centro-Oeste e se distanciando dos grandes centros de consumo e dos portos do país. Diante deste cenário, os dutos para o transporte de etanol se apresentam como a única solução para unir a produção à demanda e reduzir os custos em logística e transporte. Esta é a conclusão do painel “Dutos de etanol: contagem regressiva para um nova era”, apresentando ontem durante a Rio Pipeline 2009.


 

O crescimento da produção de cana-de-açúcar para o interior do País prejudica principalmente as exportações, o que interfere diretamente nos planos da indústria brasileira, que tem trabalhado para ampliar sua participação nos mercados internacionais, principalmente nos Estados Unidos. O país norte-americano pretende aumentar até 2022 a produção de etanol dos atuais 40 bilhões de litros por ano para 130 bilhões. E a indústria canavieira do Brasil pretende fazer parte deste programa de expansão. “Temos um mercado muito promissor nos EUA e na União Européia, mas se não investirmos em um sistema de transporte mais eficiente e barato, vamos perder competitividade”, ressaltou Eduardo Leão de Souza, diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA).

 

Hoje, há três projetos de dutos de etanol em andamento no país: o Uniduto, que deverá conectar a cidade de Sertãozinho, no interior de São Paulo, ao Porto de Santos; o Centro Sul, com ligação do Centro-Oeste ao Porto de Santos; e o PMCC, sistema que vai transportar etanol de Uberaba (MG) a Paulínia (SP) e de Paulínia para o litoral Sudeste. Para o representante da UNICA, os dutos têm papel fundamental na solução dos gargalos da indústria, principalmente no que diz respeito às exportações. “O Brasil tem um potencial de crescimento muito forte, em especial no mercado internacional. Os dutos vão dar mais segurança aos consumidores, diminuir os custos e gerar menos impactos ambientais”, ressaltou Souza, destacando que hoje, quase 100% do transporte do etanol é feito por rodovias. 

A produção brasileira de etanol aumentou 78% dos anos 90 até a última safra, em 2008. O setor tem apresentado crescimento anual de 2,7% na última década e 100 novas usinas foram instaladas nos últimos cinco anos. O principal motivo deste “boom” no consumo foi a entrada dos carros flex a partir de 2003. Hoje, um terço da frota nacional de carros é bicombustível. O faturamento bruto anual da indústria de cana-de-açúcar - que gera cerca de 900 mil empregos diretos -  é de US$ 23 bilhões, sendo que US$ 8 billhões são resultado da exportação. A produção de cana e o consumo de etanol estão concentrados em São Paulo, que representa 25% da demanda nacional. No entanto, a produção está começando a se expandir para estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais.

Outro dado importante para o setor é que o Ministério de Minas e Energia (MME) finalizou este ano o zoneamento agroecológico da cana-de-áçúcar, que restringe a expansão do plantio de cana no país. Segundo o MME, apenas 7,5% do território nacional poderá ser usado para a expansão da cana. “É um avanço para a política ambiental do país e coloca o Brasil como um país socialmente responsável na produção do etanol, o que pode fazer com que ele conquiste futuros mercados”, explica Ricardo Dornelles, diretor de Combustíveis Renováveis do MME.

 

Já o gerente executivo de Oleodutos da Petrobras Transporte, Charles Labrunie, disse que a estatal tem investido na ampliação e desenvolvimento de polidutos, que podem tanto transportar petróleo e derivados quanto etanol. Segundo ele, o etanol é uma aposta da empresa e o desenvolvimento do transporte para este produto não poderia estar fora dos planos da empresa. “A Transpetro tem investido em pesquisas voltadas para a logística e o transporte do etanol por meio dos dutos porque acreditamos que esse é o caminho para alavancar o setor. Hoje, temos grande capacidade de estocagem, tecnologia de ponta e precisamos reduzir os custos com transporte, que são muito altos”, destacou.

 

Participaram do painel o gerente executivo de Oleodutos e Terminais da Petrobras, Charles Labrunie, o diretor de Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia (MME), Ricardo Gusmão Dornelles, o diretor-executivo da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (ÚNICA), Eduardo Leão de Souza, e a chefe do Departamento de Transportes e Logísticas do BNDES, Adely Branquinho.

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