Agência Estado
Depois do furto de informações sigilosas da Petrobras em computadores da americana Halliburton, a estatal brasileira avalia mudanças no sistema de proteção dos dados colhidos em plataformas de petróleo. A afirmação foi feita pelo presidente da companhia, José Sérgio Gabrielli, em entrevista ao site Terra Magazine.
Gabrielli confirmou que os dados referem-se à descoberta gigante de gás batizada de Júpiter, na Bacia de Santos, e poderiam ser usados por concorrentes interessados em explorar áreas próximas.
"Sim, podemos melhorar o sistema. Podemos, e devemos, não ter informação alguma mais contida aí (em computadores que são transportados em contêineres). Aprendemos isso agora, não temos que ter mais informação guardada aí, mas isso funciona assim no mundo inteiro", afirmou Gabirelli.
Os equipamentos estavam em um contêiner usado como escritório pela americana Halliburton na plataforma de perfuração Ocean Clipper, que descobriu Júpiter. A carga deixou a plataforma no dia 18 de janeiro e chegou a Macaé no dia 30.
A Halliburton, proprietária dos quatro notebooks e dois discos rígidos furtados, era responsável por fazer o perfil do poço descobridor de Júpiter, atividade que levanta detalhes sobre a formação geológica, temperatura e pressão das rochas. Gabrielli confirmou que estas são informações que podem facilitar a avaliação de áreas próximas ao bloco onde foi descoberto o campo de Júpiter.
"Sim, pode ter informação que sirva a outros interesses; por exemplo, para quem se interessa pela compra de uma área próxima, mas isso tem que se investigar: a quem interessaria?"
Uma das lições a ser tirada do episódio, disse o executivo, é garantir que todos os dados sejam apagados dos computadores antes do desembarque das plataformas de perfuração. "Nesse caso, isso não aconteceu. (O computador) não estava limpo. A empresa que gerou os dados, no caso a Halliburton, ela mantém um backup desses dados."
Segundo ele, é praxe que a prestadora de serviços mantenha os dados enquanto realiza o trabalho, mas as informações devem ser apagadas ao fim do serviço. A Petrobras leva consigo cópias guardadas em discos rígidos.
Gabrielli afirmou ainda que a logística de transporte do contêiner foi atípica, uma vez que incluiu uma parada de cinco dias no terminal Poliportos, na zona portuária do Rio. "Num processo normal, essa cabine (o contêiner) é embarcada quando começa a perfuração de um poço e desembarcada quando termina. A cabine, o trailer, então vai para uma outra sonda, no mar, sem passar por terra. E, importante, antes de ser enviada para uma outra sonda no mar, todas as informações, os dados colhidos, são remetidos para a Petrobras."
Segundo a legislação atual, dados sobre perfis de poços passam a pertencer à ANP dois anos após a coleta. A agência torna as informações públicas, com o objetivo de aumentar a atratividade dos leilões de áreas para exploração e produção de petróleo.
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