A despeito da instalação de uma siderúrgica para produção de laminados e de uma montadora da Fiat no Complexo Portuário Industrial de Suape, em Pernambuco, o Ceará ainda segue no páreo para também receber sua laminação e com isso ter bases para a instituição de um polo metalmecânico no Pecém.
Um grupo espanhol está interessado em trazer para o Estado um investimento deste tipo, de acordo com o economista e consultor internacional Alcântara Macedo, que está fazendo assessoria aos investidores.
A planta, que seria instalada tão logo concluídas as negociações com o Governo do Estado e, claro, com as garantias de efetivação da Companhia Siderúrgica de Pecém (CSP), demandaria investimentos entre US$ 350 e 450 milhões, dinheiro este que o grupo possui plena condição de aportar, pois está capitalizado. "A capacidade financeira do grupo é excelente. Ele acaba de vender duas siderúrgicas que tinha em outros países da Europa. Agora, só depende da disposição do Governo", diz o economista.
Estudo de viabilidade
O grupo espanhol, o qual Alcântara Macedo prefere não identificar, já havia realizado estudos de viabilidade para a instalação de empreendimento semelhante em Pernambuco, em 2007. O governador do Estado, Eduardo Campos, engajou-se para atrair o investimento, visitando as empresas do grupo na Espanha.
Entretanto, a estrutura oferecida pelo Complexo de Suape não foi satisfatória aos investidores. No Ceará, foram estudados os municípios de Sobral e de São Gonçalo do Amarante, sendo este o preferido, dentro do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), para sediar a planta.
"Esse grupo já esteve em Pernambuco em 2007, mas os estudos foram mais satisfatórios para o Ceará. Se não fecharam com eles, é porque temos condição de conseguir isso, mas precisamos orquestrar essa afinidade", opina o consultor.
Macedo planeja reunir-se com o governador Cid Gomes nesta semana para viabilizar um encontro com o grupo espanhol já no próximo mês, a fim de um possível entendimento que possa levar a concretização do projeto no Estado.
O governador afirmou no último sábado, com exclusividade para o Diário do Nordeste, que estaria empenhado em trazer uma laminadora e que, se fosse o caso, até o fim do seu segundo governo (2011-2014) iria bancar uma siderúrgica deste tipo para o Ceará.
A CSP é um projeto maior que a Companhia Siderúrgica de Suape (CSS). Demandará um investimento total de R$ 7,6 bilhões, mais de cinco vezes o valor previsto para ser aportado na planta pernambucana, de R$ 1,5 bilhão. Quando for concluída, no segundo semestre de 2013, a CSP terá capacidade de produzir três milhões de toneladas de placas de aço por ano.
Produção de semiacabados
A grande questão em torno do empreendimento cearense é que será voltado à produção de semiacabados. Ou seja, as placas ainda precisarão passar pela última etapa do processo siderúrgico, não contemplado pela projeto estadual, para poder atender à indústria de transformação. Com isso, a produção cearense será vendida ao mercado externo, em especial para a Dongkuk - sócia da Vale e da Posco no projeto - que fará a laminação, agregando mais valor à produção.
Portanto, para a efetivação de um polo metalmecânico no Estado, faz-se necessária a vinda da laminadora para transformar o aço em produtos siderúrgicos como chapas grossas e finas, bobinas, vergalhões, arames, perfilados, barras, entre outros. Em Pernambuco, todas essas etapas já estão previstas no projeto da CSS, o que estimula as empresas que compõem o polo a instalar-se no entorno, como a montadora da Fiat.