América do Sul

Equador é a mais nova ameaça para a Petrobras

Valor Econômico
29/09/2006 03:00
Visualizações: 170 (0) (0) (0) (0)

A onda nacionalista que já atingiu interesses da Petrobras na Bolívia ameaça agora afetar os negócios da empresa no Equador. Políticos e movimentos sociais equatorianos pediram a cassação das licenças de exploração da companhia no país. O caso ocorre num momento em que o favorito na corrida presidencial de 15 de outubro, Rafael Correa, endurece o discurso em favor de maior intervenção do Estado na economia e pela convocação de uma Constituinte para "redesenhar o Equador".

No início da semana, um movimento chamado Equador Decide pediu ao governo o cancelamento da permissão de operação da Petrobras. O grupo alega que a empresa brasileira, que produz 32 mil barris de petróleo por dia na bacia amazônica equatoriana, feriu a legislação ao "vender parte de suas operações à japonesa Teikoku", sem consultar o governo.

A Petrobras nega que isso tenha ocorrido, já que ainda aguarda autorização do governo para concluir a venda de uma fatia para a Teikoku. A petroleira japonesa é parceira da Petrobras no México e Venezuela.

O requerimento usa um precedente jurídico recente: em maio, o governo expropriou ativos da gigante americana Occidental, que produzia 100 mil barris/dia, por ela ter negociado sem permissão parte de suas operações com a canadense EnCana. A estatal PetroEcuador assumiu os campos explorados pela Occidental, apesar de deixar claro que não tinha pessoal técnico o suficiente para isso.

Na época da expropriação dos ativos da Occidental, Correa se colocou a favor da medida. Disse ser uma "reação aos abusos das multinacionais". Desde então, ele endureceu o discurso defendendo a maior participação do Estado na economia, a convocação de uma Constituinte para concretizar uma revolução "profunda, radical e rápida".

O discurso é muito parecido com o da "revolução bolivariana" do presidente venezuelano, Hugo Chávez, que apóia Correa. Os adversários do candidato dizem que Chávez financia sua campanha. Correa nega essa acusação.

De qualquer modo, com essa plataforma, o candidato esquerdista saiu do quinto lugar nas pesquisas há dois meses para alcançar a ponta: tem 26% das intenções de voto, contra 20% do ex-vice-presidente León Roldós.

"Temos de achar outro modelo que recupere o papel fundamental do Estado na economia, que supere o mito de que o mercado é perfeito", afirma Correa. Ele defende também a menor relação possível com "burocracia internacional, incompetente e indolente" (referindo-se ao Banco Mundial e ao FMI).

Questionado pelo Valor sobre a situação da Petrobras, o comitê de campanha de Correa não respondeu diretamente. Diz apenas que, se for uma situação ilegal, ela tem de ser apreciada pelos órgãos competentes. Assim como o presidente da Bolívia, Evo Morales, o candidato equatoriano usa recorrentemente a retórica de "união latino-americana".

Mas há políticos que são mais assertivos. Ricardo Ulcuango, deputado pelo movimento indígena Pachakutik, afirma que o país caminha para a nacionalização dos recursos naturais, assim como ocorreu na Bolívia.

A Conaie (Confederação Nacional dos Indígenas do Equador), o mais influente grupo representante dos indígenas no país, apóia a investigação das operações da Petrobras.

A confederação argumenta que a petroleira brasileira tem um histórico confuso no país, tomando parte de projetos em áreas de proteção ecológica - onde deveria ser proibida a exploração - e em territórios indígenas.

A Petrobras explora somente dois campos de petróleo no país e tem participação de 11,5% no oleoduto OCP, que transporta petróleo da bacia da região amazônica até o Oceano Pacífico.

A estatal brasileira informa que desde 1997 "investiu no Equador, no OCP e nos blocos de exploração mais de US$ 430 milhões". Apesar do discurso pouco amigável dos últimos dias, a estatal está inscrita na licitação que o Ministério de Energia do Equador abriu para a exploração de oito campos.

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Transição Energética
Repsol Sinopec Brasil reforça compromisso com inovação e...
11/08/25
Fenasucro
Fenasucro & Agrocana começa nesta terça-feira, dia 12, c...
11/08/25
Fenasucro
Consolidada na área de Biogás, Mayekawa é presença confi...
11/08/25
Sergipe Oil & Gas 2025
“Descarbonização da matriz energética é o futuro”, diz g...
11/08/25
Pessoas
Novo presidente da PortosRio realiza visita ao Porto de ...
11/08/25
Evento
ORPLANA debate sustentabilidade no setor canavieiro na F...
11/08/25
Paraíba
PBGás reduz preço do gás canalizado em 4,3% em agosto
11/08/25
Combustíveis
Etanol fecha semana em alta; Indicador Diário Paulínia r...
11/08/25
Biodiesel
Laboratórios podem se inscrever até 21/8 no Programa de ...
08/08/25
Petrobras
Segundo trimestre de 2025 apresenta lucro de R$ 26,7 bil...
08/08/25
Dutos
Sensor portátil do CNPEM em teste pode reduzir entupimen...
08/08/25
Combustíveis
Biodiesel ganha protagonismo na economia e no cotidiano ...
07/08/25
Pessoas
Alessandro Falzetta é o novo Diretor de Experiência do ...
07/08/25
Parceria
Vultur Oil e Mandacaru Energia são novas parcerias da MX...
07/08/25
Exportações
Firjan reitera preocupação com implementação de tarifaço...
07/08/25
Evento
Fenasucro & Agrocana: 5 motivos para não perder a maior ...
06/08/25
Etanol
Produção do etanol de trigo é aposta para ampliação da m...
06/08/25
Carros elétricos
Programa Carro Sustentável faz vendas de modelos 1.0 sal...
06/08/25
Energia renovável
Com 4,2 GW ao longo de 2025, usinas renováveis dominaram...
06/08/25
Investimento
Grupo Potencial pretende investir R$ 2 bi em biorrefinar...
06/08/25
PD&I
Navio da Transpetro realiza inspeção estrutural utilizan...
06/08/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22