Termelétricas

EPE estuda transferir usinas do Nordeste e trocar combustível

Valor Econômico
13/08/2009 06:09
Visualizações: 545 (0) (0) (0) (0)

Estudo técnico feito pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) prevê a possibilidade de troca de combustível e realocação de usinas termelétricas com energia já contratada - mas ainda não construídas- nos leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O presidente da EPE, Mauricio Tolmasquim, disse que a Aneel está elaborando um parecer jurídico para definir se a eventual troca fere os termos do edital do leilão de energia no qual cada usina foi contratada.

 

A troca de combustível permitiria minorar o problema do excesso de usinas consideradas ambientalmente sujas (movidas a óleo combustível, diesel ou a carvão mineral), que foram contratadas nos leilões dos últimos anos, quando o país vivia crise de oferta de gás natural, um hidrocarboneto mais limpo. Hoje, como há sobra de gás natural, a Petrobras é obrigada a queimar diariamente grandes quantidades do produto, e não há no horizonte ameaça de escassez.

 

Já a troca de localização das térmicas, além de permitir aproximá-las das fontes de suprimento do novo combustível, facilitaria a transferência da oferta de energia termelétrica de regiões com excesso de oferta futura, como o Nordeste, para regiões com perfil de déficit crescente, como o Sul. Para abastecer o Sul, não haveria problema se a localização da usina ficasse no Sudeste, já que não há limite para a transferência de carga elétrica de uma região para a outra, como ocorre em relação ao Nordeste, segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

 

O problema, segundo Tolmasquim, é que quando uma determinada empresa entra com oferta de energia nova nos leilões da Aneel, um dos parâmetros para que ela se habilite é o chamado "custo esperado de operação", definido, entre outros fatores, em função do submercado no qual a empresa vai operar. "A Aneel vai estudar se é possível fazer a mudança de submercado sem ferir o contrato", disse. Segundo o Valor apurou, o estudo técnico feito pela EPE já definiu as usinas passíveis de serem realocadas, mas o dado é mantido em sigilo.

 

Segundo dados da Aneel, entre as 65 usinas termelétricas em construção no país - que totalizam 6.637,79 megawatts (MW) de potência -, 14 são usinas a óleo combustível ou a carvão, estão situadas no Nordeste e somam 3.145,55 MW (47,4% da potência total). Há outros 14 projetos, totalizando 1.762,74 MW já outorgados (concedidos), mas que não começaram a ser construídos.

 

No Plano Anual da Operação Energética - 2009, concluído em junho e projetando a demanda e a oferta de energia elétrica no Brasil até 2013, o ONS conclui que o país está em posição confortável. A capacidade nominal de geração total vai saltar dos atuais 98.713 MW para 126.725 MW.

 

No balanço entre a oferta firme (energia efetivamente gerada) e a demanda no Sistema Interligado Nacional (SIN), a sobra de energia evolui de 2.400 megawatts médios este ano para 5.200 megawatts médios em 2013, graças, principalmente, à sobreoferta de energia térmica no Nordeste.

 

Quando o balanço é feito por região, o estudo do ONS revela que as sobras do subsistema Sudeste/Centro-Oeste "são decrescentes ao longo dos cinco anos de avaliação, atingindo valores negativos em 2012". O operador do sistema constatou ainda que "os subsistemas Norte e Nordeste apresentam balanço positivo e o Sul, balanço negativo ao longo de todo o horizonte de análise".

 

Com base nessas constatações, o ONS fez várias propostas ao Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), órgão interministerial presidido pelo Ministério de Minas e Energia. Uma delas prevê que os próximos leilões sejam regionalmente definidos, e não livres, como atualmente, dada a elevada concentração de oferta contratada no Nordeste nos últimos leilões. Desta forma, o déficit previsto para a região Sul, hoje com forte dependência da hidreletricidade, poderia ser revertido.

 

Tolmasquim, da EPE, disse que a proposta do ONS pode vir a ser adotada no futuro. Segundo ele, embora a regionalização dos leilões tenha a vantagem de colocar o foco sobre a região em maior dificuldade, ela tem a desvantagem de limitar a competição entre as várias fontes de geração, tendendo a aumentar o preço por quilowatt ofertado. Segundo ele, um leilão exclusivo para o Sul praticamente eliminaria as usinas a biomassa (bagaço de cana, principalmente) e também dificultaria a entrada do gás natural, cuja oferta atualmente é limitada na região.

 

O presidente da EPE concorda que, superado o gargalo da oferta geral, é possível introduzir mecanismos de direcionamento da oferta, seja do ponto de vista regional, seja em relação ao combustível usado. Ressalta que a maior oferta recente no Nordeste decorreu da maior facilidade que as empresas tiveram para obter licenças ambientais para se instalar.

 

Para o próximo leilão de energia nova, marcado para o dia 27 deste mês, que visa a contratação de energia para 2012, um limitador no custo variável da oferta (máximo de R$ 200 por megawatt/hora), inviabilizou a entrada de projetos a óleo e limitou a participação do Nordeste a uma usina térmica de 33 megawatts, movida a capim elefante, na Bahia.

 

Ao todo são 25 projetos habilitados, totalizando 2.252 megawatts. São nove usinas a biomassa (369,4 MW), sete a gás natural (1.774,8 MW) e nove pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), somando 107,8 MW). Além da Bahia, os projetos estão em São Paulo (oito), Espírito Santo (sete), Santa Catarina (seis), Rio de Janeiro e Paraná. Os habilitados precisam aportar suas garantias até amanhã na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável pela realização física do leilão.

 

Mais Lidas De Hoje
veja Também
Rio de Janeiro
Firjan e INFIS promovem 3º Seminário de Questões Tributá...
08/04/25
Chamada Pública
Comgás abre chamada pública para aquisição de biometano
08/04/25
Relatório
ANP publica Relatório Anual 2024 com avanços em inovação...
08/04/25
MME
Mistura de 30% de etanol anidro à gasolina foi cientific...
08/04/25
Vitória PetroShow 2025
Lideranças do setor de empreendedorismo e energia convid...
06/04/25
Vitória PetroShow 2025
Márcio Felix destaca a importância estratégica do Vitóri...
05/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória Petroshow destaca o Espírito Santo como referênc...
05/04/25
PD&I
Embrapii firma primeira parceria com Engie Brasil Energi...
05/04/25
OTC 2025
OTC divulga os vencedores do prêmio Spotlight on New Tec...
04/04/25
Acordo
Petrobras e Braskem assinam acordo para estudos de captu...
04/04/25
Energia Elétrica
KPMG: Brasil é responsável por mais de 40% da demanda de...
04/04/25
Premiação
2º Prêmio Foresea de Fornecedores premia melhores empres...
04/04/25
Transição Energética
Setor de petróleo e gás reforça seu compromisso com a tr...
04/04/25
Evento
Cana Summit 2025 busca avanços e políticas eficazes em n...
04/04/25
Onshore
Produção em campos terrestres de petróleo e gás deve cre...
03/04/25
Economia
Os produtos mais voláteis do mercado e os principais fat...
03/04/25
Evento
Cana Summit: tarifaço dos EUA, PL da Reciprocidade e seg...
03/04/25
Vitória PetroShow 2025
Vitória PetroShow 2025 dá início ao maior evento capixab...
03/04/25
ANP
Reservas provadas de petróleo no Brasil cresceram 5,92% ...
03/04/25
E&P
Investimentos em exploração podem chegar a US$ 2,3 bilhõ...
02/04/25
Evento
Merax apresentará novidades tecnológicas e serviços inte...
02/04/25
VEJA MAIS
Newsletter TN

Fale Conosco

Utilizamos cookies para garantir que você tenha a melhor experiência em nosso site. Se você continuar a usar este site, assumiremos que você concorda com a nossa política de privacidade, termos de uso e cookies.

22