Jornal do Commercio
A Energias do Brasil, da Energias de Portugal (EDP), negocia duas aquisições de projetos de geração de energia elétrica, segundo o presidente da companhia, António Pita de Abreu. Ele evitou dar detalhes a respeito das negociações, dizendo que a compra pode ser de projetos de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), de termelétricas a gás ou de eólicas e que poderá ser fechada "a qualquer altura".
A empresa investirá R$ 1 bilhão por ano no País nos próximos três anos, valor que inclui aquisições. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse Abreu, já disponibilizou parte desses recursos. O foco da Energias do Brasil é crescer na área de geração, que representa 12% de sua receita líquida. A meta é duplicar, em cinco anos, sua capacidade instalada de geração de 1.043 megawatts (MW).
Segundo Pita, a empresa já entregou 16 estudos de viabilidade de PCHs à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e entregará mais oito até o final do ano. A intenção é ter 31 estudos até 2009, com potêncial de 600 a 700 MW. A Energias do Brasil tem dois estudos de viabilidade de Usinas Hidrelétricas (UHE), sendo um em parceria com a Cemig, de 1.043 MW, e outro com a Eletronorte, de 235 MW.
A companhia está construindo termelétrica a carvão no Ceará, com potencial de 1.080 MW, junto com a MPX , e tem dois projetos de térmicas a gás, com potencial de 500 MW cada, sendo uma em Resende e outra no Espírito Santo. Esta última não deve entrar no leilão A-5 de 30 de setembro por falta de licença prévia. Abreu informou que concluiu a aquisição de 43% da UHE de Lajeado, no Rio Tocantins, cuja potência é de 902,5 MW. A empresa já detinha 27%.
Em eólicas, a Energias do Brasil aguarda definições regulatórias para ampliar investimentos. "Em eólicas, precisamos de metas claras e ambiciosas, sistema de remuneração, política energética para desenvolvimento de cluster industrial e processos de licenciamento e conexão à rede mais ágeis e eficazes", afirmou, no seminário promovido pela Exame, em São Paulo, sobre energias renováveis.
O objetivo da Energias do Brasil é gerar 1.000 MW em energias renováveis até 2012, dos quais metade virá de PCHs e o restante de eólicas e biomassa (bagaço de cana). Para Abreu, o governo deve promover leilões específicos para energia alternativa e criar a obrigatoriedade de 5% ou 10% de entrega de energia limpa por parte das geradoras; caminho que já tem sido percorrido por outros países da América Latina.
O executivo também chamou a atenção para a necessidade de haver incentivos para a instalação no Brasil de tecnologias de produção de equipamentos para energia renovável, em especial das eólicas. A EDP produz 3,6 gigawatts (GW) em renováveis e a perspectiva de Pita é que a energia limpa domine a matriz energética mundial em vinte anos.
No mundo, a energia renovável representa 13% a 14% da matriz energética, enquanto no Brasil esse porcentual é de 46%, segundo o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Pereira Zimmermann. "A hidroeletricidade representa 14% disso. Surpreendentemente, os biocombustíveis, sobretudo o etanol, já têm participação maior", disse. Segundo ele, na Amazônia o Brasil tem 100 mil MW em fontes renováveis para explorar. O potencial do País é de 260 mil MW.
Zimmermann disse que está previsto para o primeiro semestre de 2009 o leilão de energia eólica. Para ele, o Brasil tem a necessidade de desenvolver térmicas, a carvão ou nuclear. "Já temos 104 mil MW de capacidade e temos que chegar a 2030 com 225 mil a 226 mil MW. Parte disso de fontes renováveis e parte de energia nuclear. Precisaremos do carvão mineral. No mundo, mais de 40% da eletricidade vêm do carvão", disse.
Presente ao evento, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tomalsquim, disse que o leilão da UHE de Belo Monte, no rio Xingu, com capacidade de 11,1 mil MW, deve ocorrer em setembro de 2009. O executivo informou que o governo estuda se irá licitar ou prorrogar - nesse caso, com necessidade de alterar a lei - a concessão das usinas cujos contratos estão para vencer.
É o caso da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) que, segundo Tomalsquim, está no âmbito do Conselho Nacional de Polítiva Energética (CNPE) junto com o das outras concessões que irão vencer nos próximos anos, independentemente das intenções do governo paulista de privatizar a geradora.
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